O legado de Juan Domingo Perón: 50 anos após sua morte

Em uma manhã fria de 1º de julho de 1974, Juan Domingo Perón, aos 78 anos, faleceu na residência presidencial de Quinta de Olivos. Sua morte marcou o início de uma nova era política na Argentina, mas seu legado e o movimento que criou continuam influentes até hoje.

Após a morte de Perón, sua esposa e vice-presidente, María Estela Martínez de Perón, conhecida como Isabelita, assumiu o poder. Sua administração enfrentou forte oposição e inquietação social, levando ao golpe militar de 1976, que instaurou um dos períodos mais sombrios da história argentina.

O peronismo, fundado por Perón na década de 1940, é um movimento político que mistura elementos de socialismo, nacionalismo e populismo. Perón foi inicialmente conhecido por suas políticas de apoio aos trabalhadores e sua defesa dos direitos sociais. Sob sua liderança, a Argentina viu a regulamentação da jornada de trabalho, férias remuneradas, planos de saúde e aposentadorias, além da introdução do voto feminino.

Eva Perón, esposa de Perón, foi uma figura carismática e influente. Conhecida como Evita, ela era adorada pelos jovens, mulheres e trabalhadores, e sua morte precoce em 1952 deixou um impacto duradouro no movimento peronista.

O peronismo gerou divisões profundas na sociedade argentina, com uma oposição ferrenha conhecida como “gorilas”. Essas tensões perduram até hoje, refletidas na política e na cultura do país.

Peronismo na Argentina

Após 18 anos de exílio na Espanha, Perón retornou à Argentina em 1973, em meio a um cenário político tumultuado. Ele se distanciou dos guerrilheiros montoneros e buscou apoio entre os sindicalistas. No entanto, seu terceiro mandato foi curto, encerrado com sua morte em 1974.

Desde a morte de Perón, o movimento peronista deu origem a diversos líderes e facções. Presidentes como Carlos Menem, Néstor e Cristina Kirchner, e Alberto Fernández se identificam com o peronismo, apesar de suas diferenças ideológicas.

O analista Federico Finchelstein destaca que o peronismo continua relevante devido ao seu apelo populista e nacionalista, que oferece um sentimento de pertencimento a muitos argentinos. Mesmo candidatos como Javier Milei, que se posiciona contra o peronismo, adotam elementos populistas em sua campanha.

A mística do peronismo permanece viva em eventos e espaços dedicados à memória de Perón e Evita, como o bar Perón Perón em Buenos Aires, onde jovens celebram o legado peronista ao som da “Marcha Peronista”.

Cinco décadas após sua morte, Juan Domingo Perón continua a ser uma figura central na política argentina, seu legado moldando a identidade e os debates políticos do país.