Ana Luiza Neves, adolescente de apenas 16 anos, havia acabado de celebrar seu aniversário quando recebeu, no último sábado, 31, um presente inesperado: um bolo de pote enviado como se fosse de uma doceria renomada. A jovem, que cursava o terceiro ano do Ensino Médio e trabalhava em um consultório odontológico em Itapecerica da Serra, tinha o sonho de se tornar dentista.
Sem saber que se tratava de uma armadilha mortal, ela gravou um vídeo mostrando o mimo que havia chegado em casa. Em tom de brincadeira, chegou a comentar com as amigas em um áudio: “Se eu morrer envenenada, vocês já sabem.” Horas depois, Ana Luiza foi internada com sintomas graves de intoxicação e não resistiu. Morreu no domingo, 1º, deixando a família e toda a comunidade escolar em choque.
A principal suspeita do crime é uma adolescente de 17 anos, amiga próxima da família e que frequentava a casa da vítima com naturalidade. Segundo o pai da jovem, Silvio Ferreira das Neves, a menina dormiu no mesmo fim de semana na casa de Ana Luiza e, após o envenenamento, ainda o acompanhou ao hospital. “Ela me abraçou e disse: ‘Tio, vai ficar tudo bem’. Ela é fria. Cruel”, desabafou, comovido.
Investigação aponta perfil fake e premeditação
A adolescente investigada por envenenar Ana Luiza teria criado um perfil falso nas redes sociais para se aproximar de outras vítimas, segundo apurações da polícia. A estratégia era simples, mas eficaz: fingir interesse amoroso ou amizade para conquistar a confiança e, depois, enviar alimentos contaminados.
No caso de Ana Luiza, os investigadores acreditam que a jovem suspeita tenha entregue o bolo pessoalmente ou utilizado terceiros para garantir a entrega sem levantar suspeitas. A perícia confirmou que o doce continha substâncias altamente tóxicas, o que causou falência múltipla dos órgãos da vítima.
O caso reacende o alerta para o uso de perfis falsos e estratégias manipuladoras que colocam vidas em risco, especialmente entre adolescentes. A polícia segue investigando se há outras vítimas e quais foram as motivações por trás da ação considerada meticulosamente premeditada.
A morte de Ana Luiza abalou familiares, colegas e professores, que descreveram a jovem como dedicada, sonhadora e carinhosa com todos ao redor.
“Ela estava construindo um futuro. Tinha luz própria”, lamentou uma professora da escola onde estudava.