O ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu a possibilidade de solicitar refúgio em uma embaixada no Brasil, caso tenha a prisão decretada por desdobramentos das investigações relacionadas à tentativa de golpe de 2022. Ele negou envolvimento direto nos planos descritos pela Polícia Federal (PF), que o acusa de liderar uma trama para abolição do Estado democrático de Direito.
Durante uma entrevista recente, o ex-presidente mencionou que buscar abrigo em uma embaixada seria uma alternativa em caso de necessidade. “Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, afirmou, ressaltando que sua decisão de retornar ao Brasil após passar um período nos Estados Unidos demonstraria que não teme a Justiça.
Acusações formais e relatório da PF
De acordo com o relatório final da Polícia Federal, o ex-presidente teria “planejado, atuado e mantido domínio direto” sobre as ações executadas por um grupo que objetivava um golpe de Estado. A investigação aponta que a tentativa de ruptura democrática foi frustrada por “circunstâncias alheias à vontade” dos envolvidos.
O documento, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tornado público, detalha o papel do ex-presidente na organização dos atos golpistas e lista 37 pessoas indiciadas. Entre os crimes apontados estão tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa. As penas para essas infrações podem variar de 12 a 28 anos de prisão, sem considerar possíveis agravantes.
Defesa e negativas
O ex-presidente afirmou que discutiu “artigos da Constituição” com comandantes das Forças Armadas após a derrota eleitoral, mas alegou que a ideia de contestar o processo eleitoral foi descartada rapidamente. Ele também negou qualquer envolvimento em planos para prender ou atentar contra adversários políticos, como o atual presidente, o vice-presidente e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Apesar das negativas, o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030, em razão de ataques e disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral. Sua defesa argumenta que as investigações estão sendo conduzidas com viés político e que as acusações carecem de provas conclusivas.
O caso, que segue sob análise do STF, representa um dos maiores desafios jurídicos enfrentados pelo ex-presidente. O desfecho das investigações e possíveis julgamentos poderá impactar significativamente o cenário político nacional e o debate sobre responsabilização em casos de ataques à democracia.