O tradicional modo de produzir o Queijo Minas Artesanal foi reconhecido nesta quarta-feira (4) como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. A decisão foi anunciada durante encontro em Assunção, no Paraguai, marcando um momento histórico para a cultura e a gastronomia brasileira.
Tradição secular e importância cultural
Com mais de 300 anos de história, o Queijo Minas Artesanal é produzido com técnicas manuais que preservam o saber-fazer típico da agricultura familiar em Minas Gerais. A produção utiliza leite cru e segue normas rígidas, como explica Delmar Luís de Macedo, um dos produtores:
“O leite precisa ser ordenhado e processado na própria fazenda, sem alterações. O segredo está no ‘pingo’, um fermento natural que dá ao queijo características únicas de cada propriedade.”
Após o leite ser misturado ao pingo e ao coalho, o queijo descansa por 40 minutos antes de ser moldado. A etapa de maturação, que dura cerca de 22 dias, é fundamental para o sabor característico do produto.
Caminho até o reconhecimento internacional
O título da Unesco coroa anos de esforços liderados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Associação Mineira de Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo). O Iphan apresentou a candidatura em 2023, após o reconhecimento nacional do queijo como Patrimônio Cultural do Brasil em 2008.
Segundo Leandro Grass, presidente do Iphan, o reconhecimento mundial reforça o valor cultural dessa prática tradicional:
“Esse título destaca a relevância histórica, territorial e econômica do Queijo Minas Artesanal, além de promover sua preservação.”
José Ricardo Ozólio, presidente da Amiqueijo, celebrou a conquista como uma vitória para os milhares de produtores rurais do estado.
O Queijo Minas Artesanal é o primeiro alimento brasileiro a integrar a lista de patrimônios culturais imateriais da Unesco. Além de destacar a riqueza gastronômica do país, a conquista fortalece os pequenos produtores e valoriza a agricultura familiar como parte essencial da cultura nacional.
Com essa inclusão, o Brasil passa a contar com sete patrimônios culturais reconhecidos pela Unesco, reforçando sua diversidade e relevância no cenário global. Para os produtores mineiros, o título é mais que uma honra: é uma celebração do esforço coletivo em manter viva uma tradição que transcende gerações.