A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, reforçou críticas ao atual presidente Nicolás Maduro, acusando-o de tentar enganar líderes internacionais e minimizar as denúncias de fraude nas eleições presidenciais de julho. Em entrevista ao g1, ela destacou a necessidade de uma pressão unificada dos países latino-americanos para garantir a transição de poder ao oposicionista Edmundo González, que, segundo a oposição, venceu as eleições.
Eleições controversas e denúncias de fraude
O pleito de 28 de julho colocou Edmundo González como candidato da oposição, após outros políticos, incluindo Corina Machado, serem barrados de participar. Enquanto o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, declarou Maduro vencedor com 50% dos votos, a oposição apresentou documentos das urnas indicando ampla vitória de González. O Centro Carter, que atuou como observador, também validou a vitória do oposicionista.
A oposição venezuelana já iniciou articulações internacionais, com representantes apresentando provas de fraude em reuniões com diplomatas e parlamentares brasileiros.
María Corina Machado afirmou que a oposição ofereceu a Maduro uma transição negociada, garantindo salvo-conduto e incentivos para que ele deixe o poder. No entanto, o presidente recusou, reafirmando sua intenção de assumir um terceiro mandato em janeiro de 2025.
Machado também mencionou o descontentamento crescente entre as Forças Armadas, que desempenham papel crucial no regime. Segundo ela, setores militares apoiaram a coleta de atas eleitorais pela oposição, evidenciando uma possível ruptura interna.
A líder opositora apontou diferenças entre o contexto atual e o ocorrido em 2019, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente. Enquanto Guaidó não havia participado de eleições, González concorreu e, conforme dados apresentados pela oposição, recebeu a maioria dos votos. Além disso, Machado destacou o enfraquecimento do regime chavista, que hoje enfrenta dificuldades financeiras e menor capacidade de controle social.
Papel do Brasil e da comunidade internacional
Corina Machado elogiou a postura firme do Brasil ao questionar a legitimidade de Maduro, destacando a importância do país como líder regional. Segundo ela, uma posição unificada de chefes de Estado da América Latina é fundamental para pressionar o regime a aceitar uma transição democrática.
A oposição da Venezuela continua mobilizando esforços internos e externos, com a expectativa de que González assuma o poder em janeiro. Machado reafirmou seu compromisso em garantir que a Constituição prevaleça, afirmando: “Nós, venezuelanos, não vamos desistir.”