O empresário José Maria da Costa Júnior, condenado a 13 anos de prisão pela morte da ciclista e socióloga Marina Harkot, é considerado foragido desde a quinta-feira (6). A Justiça de São Paulo determinou sua prisão, mas ele não foi encontrado pela polícia nem se apresentou voluntariamente.
José Maria, de 38 anos, foi condenado em janeiro de 2025 pelos crimes de homicídio doloso por dolo eventual (quando há intenção indireta de matar), embriaguez ao volante e omissão de socorro. O Ministério Público recorreu da decisão que permitiu que ele aguardasse o julgamento em liberdade, e o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que ele deveria ser preso imediatamente para cumprir a pena.
Procurado pela polícia
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, equipes das forças de segurança estão mobilizadas para localizar o empresário. A pasta informou que as buscas continuam e reforçou que o mandado de prisão segue ativo. “As forças de segurança do Estado estão de prontidão para garantir o cumprimento da decisão judicial”, declarou o órgão em nota.
O Ministério Público considera José Maria um fugitivo, já que ele não foi encontrado no endereço que havia informado e ainda não se apresentou à polícia. As autoridades pedem que qualquer pessoa com informações sobre seu paradeiro entre em contato com o Disque-Denúncia pelo número 181.
Defesa diz que ele vai se entregar
O advogado do empresário, José Miguel da Silva Júnior, afirmou ao g1 que orientou o cliente a se entregar, mas disse que isso só deve ocorrer na próxima semana. “Ele aceitou se entregar, mas apenas com minha presença”, declarou o advogado, que está fora do país e deve retornar na segunda-feira (10).
A defesa também informou que pretende recorrer da decisão e pedir a anulação do julgamento no Superior Tribunal de Justiça. Os advogados alegam que não houve provas suficientes de que o motorista estava embriagado e afirmam que o caso deveria ter sido enquadrado como homicídio culposo, sem intenção de matar.
O caso Marina Harkot
O atropelamento ocorreu em 8 de novembro de 2020, na Avenida Paulo VI, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo. Marina Harkot, de 28 anos, foi atingida por trás enquanto pedalava sua bicicleta vermelha. O carro dirigido por José Maria, um Hyundai Tucson prata, estava em alta velocidade.
Durante o julgamento, dois amigos do motorista confirmaram que ele havia ingerido uísque com energético momentos antes do acidente. A perícia também analisou imagens de câmeras de segurança que mostraram o veículo trafegando a 93 km/h em um trecho onde o limite era de 50 km/h.
Após o atropelamento, José Maria fugiu sem prestar socorro e só se apresentou à polícia dois dias depois, o que impossibilitou a realização de exames para confirmar a presença de álcool no sangue. Ele afirmou que não percebeu a colisão e que acreditava ter sofrido uma tentativa de assalto.
Repercussão e consequências
A morte de Marina, pesquisadora e ativista em defesa da mobilidade urbana e dos direitos de ciclistas, gerou grande repercussão e protestos em São Paulo. O caso se tornou símbolo da luta por mais segurança no trânsito e pela responsabilização de motoristas em acidentes fatais envolvendo ciclistas e pedestres.
Desde o crime, a carteira de motorista de José Maria está suspensa por decisão judicial. O empresário continua sendo procurado pela polícia e pode ter a pena aumentada caso permaneça foragido.
