O número de pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar do estado de São Paulo aumentou 78% nos primeiros oito meses de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. Segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, 441 pessoas perderam a vida em ações policiais, sendo que 64% das vítimas eram negras (pretos e pardos). Esse crescimento chama atenção para a disparidade racial nas mortes causadas pelas forças de segurança.
O estudo, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), revela que o número de pessoas negras mortas subiu 83%, enquanto o de brancos aumentou 59%. No total, 283 pessoas negras foram vítimas fatais, comparadas a 138 brancas. A pesquisa destaca que a letalidade policial tem endereço e cor, concentrando-se em áreas periféricas, como a capital paulista e a Baixada Santista, onde a operação Escudo resultou em um aumento significativo nas mortes.
Discussões sobre o controle do uso da força da polícia e política de segurança pública
Especialistas e ativistas, como Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz, relacionam o aumento da letalidade da polícia com o enfraquecimento de políticas de controle, como o uso de câmeras corporais pela PM, que havia sido ampliado entre 2020 e 2022. A organização acredita que a falta de continuidade nesses programas contribuiu para a escalada da violência.
A SSP defende que as mortes ocorreram em reações a suspeitos e que todas as ocorrências estão sendo investigadas rigorosamente. Além disso, afirmou que investe em treinamento e equipamentos para reduzir a letalidade policial, embora os números deste ano sugiram que os desafios no controle do uso da força continuam a crescer.