Facções criminosas estão tomando o controle do fornecimento de internet em diversas comunidades brasileiras, forçando pequenos provedores a deixarem suas áreas e assumindo o serviço de forma clandestina. Esse setor, que há algum tempo já vinha atraindo a atenção do crime organizado, se consolidou como um dos mais lucrativos para as facções, resultando em uma crescente violência em bairros de várias cidades, como Rio de Janeiro, Pará e Ceará.
Em locais dominados por esses grupos, os criminosos têm utilizado ameaças, extorsões e, em casos mais extremos, incendiaram veículos e destruído lojas de empresas legais que atuam no ramo. O aumento da violência e da pressão sobre os provedores legais está gerando uma série de consequências econômicas e sociais nas comunidades afetadas.
A situação é especialmente grave no Rio de Janeiro, onde mais de 120 investigações foram abertas pela Polícia Civil desde o ano passado.
As investigações visam desmantelar as redes ilegais montadas pelas facções, que não apenas impedem que as empresas autorizadas operem, mas também cobram taxas ilegais das operadoras.
Esses grupos criminosos, além de controlar a infraestrutura necessária para o serviço, atuam de forma predatória, impondo uma espécie de “pedágio” para as operadoras legítimas, em troca de “proteção” para evitar ataques à sua estrutura.
A situação é descrita pelo delegado Pedro Brasil como alarmante, comparando a internet a uma “nova boca de fumo”. O tráfico de dados, em algumas áreas controladas por facções como o Terceiro Comando Puro (TCP), liderada por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, tem ganhado proporções que rivalizam com o narcotráfico em termos de lucratividade e poder.
Esse fenômeno não é apenas uma ameaça à segurança pública, mas também à liberdade de escolha dos consumidores. Em muitas regiões, a única opção de internet disponível é aquela controlada pelas facções, o que coloca os moradores em uma posição de vulnerabilidade, não só em termos de segurança, mas também em relação ao acesso à informação e à qualidade do serviço.
Com a expansão desse mercado ilegal, as autoridades estão cada vez mais preocupadas com a escala do problema. A ação da polícia continua sendo essencial para reverter essa tendência, mas a pressão sobre os pequenos provedores e a crescente violência têm tornado essa missão cada vez mais difícil. O futuro das comunidades e dos serviços de internet legais no Brasil está em risco, e uma solução precisa ser encontrada antes que o controle das facções se espalhe ainda mais.