O exílio de Edmundo González Urrutia, opositor do regime de Nicolás Maduro, revela uma estratégia de desgaste menos onerosa para o presidente venezuelano do que a prisão do diplomata de 75 anos. A decisão de expulsar González foi anunciada pela vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, e confirmada posteriormente pelo governo espanhol, sinalizando uma manobra para mitigar os efeitos de uma detenção que poderia agravar o descrédito internacional de Maduro.
Processo eleitoral controverso
González foi retirado do país em um avião da Força Aérea Espanhola, um exílio que, segundo o procurador-geral venezuelano Tarek William Saab, encerra o que ele chamou de “comédia pastelão”. Maduro, ao garantir a saída de seu adversário, parece tentar consolidar sua reeleição, cuja legitimidade é amplamente contestada. A oposição divulgou 83% dos boletins eleitorais, que indicam a vitória de González com 67% dos votos, contrastando com os 30% obtidos por Maduro.
O exílio de González é visto como resultado de negociações com a Espanha, intensificadas após tensões envolvendo a Embaixada da Argentina em Caracas, onde seis opositores se refugiaram. A situação na embaixada, protegida pelo Brasil, culminou com cortes de energia e o cerco por homens encapuzados, mas a tensão diminuiu após a saída de González, permitindo o retorno da normalidade.
Em Madri, González relatou que sua saída de Caracas foi marcada por pressões e ameaças. Seu caso reflete a crescente diáspora venezuelana, com mais de 100 mil exilados na Espanha, embora a sua situação seja singular: ele foi forçado ao exílio após vencer as eleições presidenciais de seu país.