Dólar dispara a R$ 5,93 com nova escalada tarifária de Trump e medo de recessão global

O mercado financeiro iniciou a semana em clima de tensão mundial. O dólar chegou a R$ 5,93 nesta segunda-feira, 7, impulsionado por uma nova rodada de tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Investidores temem uma guerra comercial de grandes proporções, com impacto direto sobre o comércio global e a inflação.

A moeda norte-americana, que já havia avançado 3,68% na última sexta-feira, 4, subiu mais 1,57% nesta segunda, atingindo R$ 5,9274 por volta das 13h. O valor representa a maior cotação desde novembro de 2022 e reflete a insegurança dos mercados diante do agravamento da disputa comercial entre potências.

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também sentiu os efeitos do cenário turbulento.Em queda desde a abertura do pregão, recuava 1,62% no início da tarde, aos 125.195 pontos, ampliando a perda acumulada no mês.

A instabilidade começou na quarta-feira, 2, quando Trump apresentou um plano de tarifas recíprocas com alíquotas que variam entre 10% e 50%, afetando importações de mais de 180 países. A medida acendeu o alerta entre economias ao redor do mundo, levando a China a reagir rapidamente.

Na sexta-feira, 4, o governo chinês anunciou tarifas equivalentes sobre produtos americanos e ainda revelou novas restrições à exportação de terras raras — insumos estratégicos para a produção de tecnologias como chips e equipamentos eletrônicos. Entre os elementos que terão controle de saída estão ítrio, térbio e disprósio.

Com a escalada de tensões, o temor é de que a União Europeia também entre no conflito tarifário, aprofundando a crise e provocando efeitos colaterais severos sobre a economia mundial. O risco maior, segundo analistas, é de que as medidas protecionistas levem a um aumento global dos preços e à desaceleração econômica.

Especialistas alertam que a inflação pode ganhar força em diversas regiões, já que os preços dos insumos para bens e serviços tendem a subir com o encarecimento das importações. Isso reduz o poder de consumo e prejudica o crescimento.

No cenário internacional, as bolsas operam em forte queda. A de Hong Kong desabou 13,22%, enquanto o índice CSI 1000, na China, recuou 11,39%. Na Europa, as principais praças financeiras registravam perdas superiores a 4%.

O analista financeiro Vitor Miziara observa que o risco não se limita aos impactos diretos das tarifas. Ele destaca que a resposta coordenada de outros países pode tornar o cenário ainda mais grave:

“Com tarifas no mundo inteiro, tudo fica mais caro até que o comércio global pare”, afirmou.

Caso o embate continue se intensificando, os Estados Unidos — e por consequência boa parte do mundo — podem enfrentar uma recessão nos próximos meses. O efeito em cadeia ameaça a estabilidade econômica e exige atenção redobrada de investidores e governos.