Correios fecham 2024 com prejuízo de R$ 2,6 bilhões e menor receita desde a pandemia

Os Correios encerraram o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, segundo balanço financeiro publicado nesta sexta-feira, 9. É o primeiro déficit bilionário da estatal desde 2016 e ocorre em meio à queda na receita, aumento dos custos operacionais e perda de espaço no mercado de encomendas internacionais. Uma auditoria independente ainda apontou fragilidades nos controles internos da empresa.

De acordo com o relatório, apenas 15% das mais de 10 mil unidades da estatal apresentaram superávit no ano passado. A empresa viu sua receita com prestação de serviços cair para R$ 18,9 bilhões, o menor valor desde 2020, enquanto os custos operacionais subiram R$ 716 milhões, atingindo R$ 15,9 bilhões. Despesas com pessoal, impulsionadas por reajustes salariais e benefícios, representaram grande parte do aumento.

Outro fator que pressionou o caixa da empresa foi a frustração de receitas com importações. A mudança na legislação que retirou a isenção para compras internacionais de até US$ 50 permitiu que concorrentes ganhassem espaço. A participação dos Correios nesse segmento, que era de 98%, caiu para cerca de 30%.

O impacto foi de aproximadamente R$ 2,2 bilhões, segundo dados internos.

Mesmo diante das perdas, a empresa afirma que continuará investindo. Foram aplicados R$ 830 milhões ao longo de 2024 em renovação de frota e infraestrutura. A compra de bicicletas elétricas, furgões e veículos para distribuição faz parte do plano de transição ecológica. Desde 2023, os investimentos já somam R$ 1,6 bilhão.

Na tentativa de recuperar receitas, os Correios lançaram um marketplace próprio e pretendem expandir sua rede de pontos de coleta e distribuição com o projeto “Correio Modular”. A ideia é descentralizar os serviços e diminuir custos operacionais.

A auditoria externa, no entanto, fez uma ressalva importante ao demonstrativo contábil. Segundo o parecer, há falhas nos critérios usados para calcular os passivos judiciais. A imprecisão pode ter distorcido os resultados financeiros apresentados.

O presidente da empresa, Fabiano Silva, afirmou que os Correios seguem como peça estratégica de integração nacional. Ele criticou o processo de desestatização iniciado na gestão anterior e defendeu a vocação pública da estatal:

“Os Correios são indispensáveis porque são públicos”, afirmou.