Chuva benéfica no Brasil derruba preços do café, mas preocupações com seca permanecem

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Os preços do café arábica e robusta caíram na quinta-feira devido a condições de chuva favoráveis em Minas Gerais, um dos principais estados produtores de café do Brasil. O índice do café arábica fechou em queda de 2,73%, atingindo uma baixa de duas semanas, enquanto o robusta caiu 2,54%, alcançando o menor valor em mais de dois meses.

Alívio com a chegada da chuva, mas seca prolongada preocupa

As chuvas recentes aliviaram temporariamente a seca no Brasil, ajudando a estabilizar os níveis de umidade do solo em Minas Gerais, que representa cerca de 30% da produção de café arábica do país. A Somar Meteorologia relatou que a região recebeu 36,8 mm de chuva na última semana, o que corresponde a 115% da média histórica. Essas condições contribuem para o declínio nos preços de curto prazo.

No entanto, as preocupações persistem com os danos à safra causados pela seca prolongada, que prejudicou o desenvolvimento das árvores de café durante o período crucial de floração. A seca, exacerbada pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño, causou uma drástica redução nas chuvas desde abril, sendo considerada a mais severa desde 1981, segundo o Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). Especialistas estimam que essa seca histórica pode comprometer a colheita do ciclo 2025/26 de café arábica.

Estoques globais de café e exportações impactam o mercado

Embora as condições climáticas no Brasil tenham influenciado os preços, o aperto nos estoques também tem dado suporte ao mercado de café. Os estoques monitorados pela ICE para o arábica atingiram um mínimo de quatro meses, enquanto os de robusta caíram ao menor nível em quase seis meses.

Por outro lado, o aumento das exportações globais de café é um fator baixista para os preços. A Organização Internacional do Café (ICO) informou que as exportações globais subiram 6,5% em agosto em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 10,92 milhões de sacas. No Brasil, o Cecafe registrou um aumento de 34% nas exportações de café verde em setembro em relação ao ano passado, elevando as exportações totais da safra 2023/24 para um recorde de 47,3 milhões de sacas.

A situação de outros grandes produtores também afeta o mercado. No Vietnã, o segundo maior produtor de robusta, uma seca severa reduziu a produção de café em 20% para a menor colheita em quatro anos. A expectativa é que a safra 2024/25 diminua ainda mais devido às condições climáticas adversas.

Enquanto as chuvas recentes no Brasil trouxeram alívio, o mercado de café permanece volátil, com fatores globais e condições climáticas locais moldando os preços e as perspectivas de produção para os próximos anos.