O café, um dos itens mais presentes no dia a dia do brasileiro, está pesando cada vez mais no bolso. Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 11, o preço do café moído subiu impressionantes 77,78% no acumulado de 12 meses até março. Apenas em 2025, a alta já é de 30%. E no mês passado, o avanço chegou a 8% sobre fevereiro.
Esse aumento não é por acaso. A combinação de fatores climáticos, aumento do consumo global e gargalos logísticos está por trás da disparada. A quebra de safra no Vietnã — maior produtor de café robusta do mundo — reduziu a oferta global, elevando o preço internacional. No Brasil, o clima quente e seco também afetou duramente as lavouras, especialmente da variedade arábica, a mais cultivada e consumida no país.
Com a produção comprometida, muitos produtores estão optando por podas drásticas, conhecidas como “esqueletamento”, para tentar garantir uma colheita melhor em 2026.
A técnica, no entanto, implica em menor produção de café imediata, o que reforça a pressão sobre os preços neste ano.
Além disso, a guerra no Oriente Médio encareceu o frete internacional, especialmente para quem exporta café via Canal de Suez. Os contêineres ficaram mais caros e as rotas, mais longas. No Brasil, a infraestrutura portuária também tem dificultado o escoamento da safra. Com isso, o grão que antes abastecia o mercado interno passou a ser mais direcionado ao exterior, inclusive para novos mercados como a China, hoje o sexto maior importador do café brasileiro.
Mesmo com o aumento expressivo, o consumo segue aquecido. Segundo a Abic, a demanda interna cresceu 1,1% entre janeiro e outubro de 2024. O café permanece como a segunda bebida mais consumida no Brasil, atrás apenas da água.
O cenário só deve começar a mudar a partir de setembro, com o fim da colheita atual. Se o clima colaborar e os investimentos na lavoura forem mantidos, há expectativa de uma safra recorde em 2026. Até lá, porém, a tendência é de manutenção dos preços elevados nas prateleiras.