O Brasil registrou, em 2025, a menor taxa de desmatamento da Amazônia em mais de uma década. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram 5.796 quilômetros quadrados de floresta derrubados entre agosto de 2024 e julho de 2025. O número representa uma queda de 11% em comparação ao período anterior, conforme divulgado pelo g1.
Essa é a menor taxa desde 2014 e o quarto ano consecutivo de redução. Entretanto, pesquisadores alertam para um fenômeno preocupante: o avanço da degradação florestal. Diferentemente do desmate total, a degradação ocorre quando a floresta perde densidade e vitalidade, tornando-se mais vulnerável ao fogo e à seca. Assim, mesmo com menos derrubadas, a Amazônia continua fragilizada.
Causas da redução e novos desafios
Segundo o governo federal, a queda do desmatamento é resultado direto de políticas públicas de controle ambiental. Entre as medidas, estão o aumento da fiscalização, o bloqueio de crédito para produtores com histórico de desmate e o uso de tecnologias avançadas de monitoramento.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, foram realizadas 9.540 operações na Amazônia em um ano. Nesse período, houve 4 mil autos de infração e 3 mil fazendas embargadas. Além disso, cerca de seis bilhões de reais em crédito rural foram bloqueados para propriedades que apresentavam irregularidades ambientais.
O Inpe destacou que o cruzamento de informações entre os sistemas Prodes e Deter trouxe mais precisão às análises. Esse avanço tecnológico permitiu identificar e agir mais rapidamente sobre as áreas críticas. Ao mesmo tempo, a retomada do Fundo Amazônia — com 3,6 bilhões de reais investidos em três anos — financiou ações de restauração e combate à grilagem.
Apesar dos avanços, o secretário de Mudanças do Clima, João Paulo Capobianco, fez um alerta importante. Segundo ele, sem os efeitos do fogo e da seca extrema, “o Brasil teria registrado o menor corte raso da história”. Por isso, o governo reconhece que o desafio agora é conter a degradação florestal e as queimadas, que continuam ameaçando o bioma.
Desempenho dos estados amazônicos
A redução do desmatamento foi observada em quase todos os estados da Amazônia Legal. Tocantins teve o melhor resultado, com queda de 62,5%. Em seguida, vieram Amapá (48,1%), Roraima (37,3%), Rondônia (33,6%), Acre (27,6%), Maranhão (26%) e Amazonas (16,9%).
Já o Pará apresentou recuo de 12,4%. Por outro lado, o Mato Grosso foi o único estado a registrar aumento, com alta de 26%. Essa exceção indica que, apesar da tendência positiva geral, ainda existem áreas críticas que exigem reforço da fiscalização.
Além disso, o número de operações de campo aumentou 80% nos últimos três anos. O valor das multas aplicadas subiu 63%, totalizando oito bilhões de reais. O Ibama e o ICMBio ampliaram o uso de satélites para detectar infrações e aplicar embargos de forma remota. Dessa forma, o processo de punição se tornou mais rápido e eficiente.
Cerrado também apresenta melhora
Outro dado relevante é a redução do desmatamento no Cerrado. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, o bioma perdeu 7.235 quilômetros quadrados de vegetação, uma queda de 11% em comparação ao ano anterior.
Apesar disso, o Cerrado continua sob pressão da expansão agropecuária. O Inpe ressalta que o bioma é fundamental para o equilíbrio climático do país, pois abriga as nascentes dos principais rios brasileiros e influencia o regime de chuvas em toda a América do Sul.
Próximos passos e meta para 2030
O governo Lula pretende apresentar esses resultados na COP30 como exemplo de avanço ambiental. A meta é alcançar desmatamento zero até 2030. Para isso, o plano inclui reforçar a fiscalização, incentivar práticas sustentáveis e ampliar parcerias internacionais de financiamento ambiental.
Além disso, o Ministério do Meio Ambiente aposta na bioeconomia como alternativa de desenvolvimento. A ideia é gerar renda para as comunidades locais sem destruir a floresta. Por conseguinte, o governo acredita que a combinação de tecnologia, controle e sustentabilidade será essencial para consolidar os avanços conquistados.
O cenário, portanto, é de otimismo cauteloso. Embora o país tenha reduzido o desmatamento, a degradação e o fogo continuam sendo ameaças reais. Manter a floresta em pé dependerá da continuidade das políticas ambientais e da vigilância constante sobre o território amazônico.
 
					