Brasil aumenta emissões de carbono e pode descumprir meta do Acordo de Paris, aponta estudo

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Nos últimos cinco anos, o Brasil não conseguiu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, e, se mantiver o ritmo atual, não cumprirá sua parte no Acordo de Paris. Este acordo visa limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A conclusão faz parte de um estudo do projeto Ascor (Avaliação de Oportunidades e Riscos Climáticos Soberanos), realizado em parceria com a London School of Economics and Political Science (LSE). O levantamento, que analisou 70 países, será publicado na íntegra nesta terça-feira (5), mas a Folha já teve acesso à parte referente ao Brasil.

Entre 2019 e 2023, as emissões brasileiras cresceram em média 1,7%, mesmo desconsiderando o uso da terra e florestas. Quando essa parte é excluída, o aumento médio foi de 0,8%. Esses dados mostram que o Brasil não conseguirá atingir as metas de redução de emissões para 2030, mesmo com uma participação justa baseada no tamanho do seu orçamento. As atuais metas, que incluem uma redução de 13,1% em relação a 2019, ainda estão aquém do necessário para se alinhar ao objetivo de Paris.

Falta de compromissos e desafios à frente

O estudo também destaca a ausência de compromissos do Brasil para eliminar subsídios aos combustíveis fósseis e a continuidade da aprovação de novas usinas a carvão. Além disso, o país não possui uma meta de emissão líquida zero para o setor elétrico. No entanto, o Brasil tem metas positivas, como o objetivo de emissão líquida zero para 2050 e a expansão das áreas de conservação nos últimos anos. O compromisso com convenções internacionais sobre direitos humanos e a eficiência energética também foram pontos positivos destacados.

A tendência de crescimento das emissões se reflete globalmente. Dados do Our World in Data, da Universidade de Oxford, mostram um aumento de 1% nas emissões em 2022 em comparação com 2018. Países como China, Índia e Indonésia lideram em termos absolutos de emissões, enquanto o Brasil ocupa a 13ª posição.

Esforços e perspectivas futuras para o Brasil

O Brasil está em processo de revisão de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são compromissos voluntários para redução de emissões. Ambientalistas e entidades, como a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, pedem metas mais ambiciosas para evitar custos crescentes e insegurança no setor energético. A nova meta climática do Brasil deve ser anunciada durante a COP29, em novembro, em Baku, Azerbaijão.

O Ministério do Meio Ambiente informou que a área de desmatamento na Amazônia foi reduzida em 50% em 2023 em relação a 2022, evitando a emissão de 250 milhões de toneladas de CO₂. Houve ainda uma queda de 18% de janeiro a outubro de 2024 comparado ao mesmo período do ano anterior. O governo federal relançou planos de controle do desmatamento para a Amazônia e o Cerrado, e trabalha em iniciativas para outros biomas.

O compromisso de zerar o desmatamento até 2030 é reafirmado pelo governo como parte de suas metas climáticas renovadas, em construção desde setembro de 2023, que serão apresentadas ainda neste ano.