Em reunião inicial para a cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 12, o governo da Argentina manifestou oposição a trechos da declaração final que abordam igualdade de gênero e empoderamento feminino. A resistência reflete a guinada ideológica promovida pelo presidente ultraliberal Javier Milei, que se sente fortalecido pelo recente retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Postura conservadora de Argentina
A postura conservadora de Buenos Aires se intensificou após Milei nomear Gerardo Werthein como chanceler em substituição a Diana Mondino. Esta oposição argentina preocupou o Itamaraty, pois teme que as instruções diretas da Casa Rosada possam se estender a outras áreas, como desenvolvimento sustentável e clima, temas que serão discutidos nos próximos dias.
A falta de consenso por parte de Milei representaria um revés para o Brasil, que busca garantir um documento final coeso. Recentemente, a Argentina, sob o comando de Milei, foi o único país a votar contra uma resolução da ONU sobre direitos dos povos indígenas, sinalizando que o presidente argentino não teme o isolamento internacional.
Em outro episódio que destaca a guinada ideológica, a Argentina ainda não aderiu à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, proposta liderada pelo Brasil. Para justificar a recusa, o governo Milei alega uma posição antiglobalista, rejeitando compromissos com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, que estão presentes no documento de adesão.
O Itamaraty busca negociar adaptações no texto para tentar superar a resistência argentina e obter um consenso.