Maduro tem medo e quer reduzir participação eleitoral, diz María Corina

Líder da oposição na Venezuela, María Corina venceu as primárias opositoras, cujos resultados foram suspensos pelo Supremo local, aliado ao chavismo. Inabilitada por 15 anos devido a supostas irregularidades administrativas e por apoiar sanções dos EUA à Venezuela, é engenheira e continua a ser uma voz forte contra o regime de Maduro.

Segundo ela, as recentes mudanças nas regras dificultam ou até impossibilitam o registro eleitoral da maioria da diáspora venezuelana, que supera 6 milhões de pessoas, semelhante às diásporas de países em guerra.

María Corina não estará nas cédulas eleitorais devido à sua inabilitação por Caracas, mas continua a ser a líder da oposição. Edmundo González, seu aliado, é o candidato registrado para a presidência, representando institucionalmente a campanha oposicionista.

Transição Ordenada e Reintegração Energética

María Corina enfatiza a importância de uma transição ordenada, onde Maduro aceitaria a vitória oposicionista. Ela acredita que uma vitória de González resultaria no fim da emigração em massa e na reintegração da Venezuela no mercado energético global.

“Não vamos seguir um processo de vingança, mas de institucionalização democrática para lidar com a crise humanitária e nos tornar um aliado energético confiável,” disse ela.

Ela destacou que muitos venezuelanos veem as eleições de 28 de julho como sua última chance de voltar ao país ou evitar sair. “Avós chorando dizem que só conheceram seus netos pelo WhatsApp. Não quero morrer sem abraçá-los,” relatou María Corina, mostrando o impacto emocional da diáspora.

Desafios e Violações de Direitos

María Corina também criticou a resistência do regime em permitir observadores internacionais imparciais nas eleições, apontando que a maioria dos observadores são de países simpáticos a Maduro, como Bolívia, Honduras e Rússia. “Há um movimento sem precedentes pela liberdade e unificação das famílias,” afirmou.

Ela denunciou as contínuas violações de direitos, incluindo detenções arbitrárias e intimidações. “A ameaça é constante, com muitos membros de nossas equipes tendo suas casas vigiadas,” disse ela, ressaltando a repressão enfrentada pela oposição.

Impacto da Diáspora e Expectativas de Mudança

A oposição enfrenta o desafio de uma significativa parcela da diáspora não poder votar.

“O impacto é que vamos ganhar com menos votos,” disse María Corina, explicando que quase 10 milhões de venezuelanos, dentro e fora do país, não poderão participar das eleições.

Ela criticou as manobras do regime para reduzir a participação eleitoral, mas expressou confiança na mobilização da oposição. “A diferença a nosso favor é tão grande que o país vai se defender,” concluiu.

Posição Internacional e Expectativas

María Corina destacou o entendimento bipartidário nos EUA sobre a importância de uma transição democrática na Venezuela. “A sociedade americana entende que uma transição ordenada permitirá deter e reverter a migração,” disse ela, apontando para um potencial futuro onde a Venezuela possa explorar seu potencial energético de maneira confiável.

Quanto ao Brasil, ela acredita que o presidente Lula entende a importância de uma resolução negociada do conflito venezuelano. “A melhor opção para todos é uma transição negociada,” afirmou María Corina, esperando que os Acordos de Barbados sejam respeitados.