A indústria brasileira enfrenta um cenário complexo conforme revelado pela Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa 2022, do IBGE. Em uma década, o setor perdeu significativos 745 mil postos de trabalho, uma queda de 8,3% na taxa de ocupação. Apesar dessa redução drástica, o número de empresas atuantes cresceu, saltando de 335 mil para 346 mil no mesmo período.
Em 2022, a indústria empregava cerca de 8,3 milhões de pessoas, em comparação com pouco mais de 9 milhões em 2013, marcando o ponto mais alto da série histórica. A distribuição desses trabalhadores incluía 8,1 milhões na indústria de transformação e 225,7 mil nas indústrias extrativas.
Segundo Synthia Santana, gerente de Análise Estrutural do IBGE, esses dados refletem uma mudança estrutural no setor, possivelmente impulsionada por novos métodos de produção que demandam estruturas mais enxutas. Ela destaca que a indústria farmoquímica e farmacêutica, por exemplo, viu um aumento no porte médio das empresas durante o período analisado.
Apesar da perda de empregos, houve um alento nos últimos anos, com a indústria registrando três anos consecutivos de criação líquida de empregos desde 2019, totalizando mais de 400 mil novas vagas, um aumento de 5,3%. Esse crescimento coincide com a recuperação econômica pós-pandemia e reflete melhorias na taxa de ocupação.
Salário médio do brasileiro
No entanto, não são apenas os empregos que diminuíram. O salário médio na indústria também caiu ao longo da década. Em 2013, era de 3,4 salários mínimos, enquanto em 2022 caiu para 3,1 salários mínimos, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00.
Entre as principais atividades da indústria em 2022, a fabricação de produtos alimentícios liderou em termos de ocupação, seguida pela confecção de artigos do vestuário e acessórios, fabricação de produtos de metal, fabricação de veículos automotores e fabricação de produtos de minerais não-metálicos. Dessas, a fabricação de produtos alimentícios foi a única a registrar um aumento na fatia de mão de obra, com um acréscimo de 3,7 pontos percentuais.
Além disso, a pesquisa revela que as grandes empresas, com mais de 500 funcionários, detêm cerca de 70% da receita líquida de vendas da indústria, um aumento de 0,8 ponto percentual em relação a uma década atrás. Isso demonstra a crescente concentração econômica no setor industrial.
Regionalmente, houve mudanças na concentração industrial, com quedas nas regiões Norte, Nordeste e Sul e aumentos no Sudeste e Centro-Oeste. A região Sudeste, em particular, concentra a maior parte do valor de transformação industrial, refletindo sua liderança econômica no país.
Em termos setoriais, a indústria automobilística viu sua participação no valor de transformação industrial diminuir significativamente, enquanto a extração de petróleo e gás natural ganhou espaço, destacando-se com um aumento de 7,2 pontos percentuais em sua representatividade.
Esses dados da PIA Empresa 2022 do IBGE fornecem um panorama detalhado das dinâmicas atuais da indústria brasileira, evidenciando desafios significativos ao mesmo tempo em que apontam para áreas de potencial crescimento e mudança estrutural.