O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira, 26, que afastará o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), caso ele seja denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Lula destacou que Juscelino está ciente dessa possível medida. “Se o procurador te indiciar, você sabe que tem que deixar o cargo”, declarou o presidente durante entrevista ao portal UOL. Questionado sobre o afastamento do ministro em caso de denúncia, Lula respondeu afirmativamente: “Ele sabe disso”.
O presidente revelou a conversa que teve com Juscelino: “Eu disse: ‘Olha, a verdade só você sabe. Então, se o procurador te indiciar, você sabe que tem que deixar o cargo ‘”.
Recentemente, a Polícia Federal concluiu que Juscelino Filho está envolvido em uma organização criminosa e cometeu corrupção passiva em desvios de recursos de obras de pavimentação financiadas com dinheiro público da estatal federal Codevasf. O ministro foi indiciado por suspeita de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, falsidade ideológica e fraude em licitação.
A investigação com o indiciamento foi encaminhada para avaliação da PGR, sob o comando do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Não há prazo definido para uma decisão.
O ministro criticou a atuação da Polícia Federal e classificou o indiciamento como uma “ação política e previsível”. “Trata-se de um inquérito que devassou a minha vida e a de meus familiares, sem encontrar nada. A investigação revive fatos antigos que sequer são de minha responsabilidade enquanto parlamentar”, afirmou Juscelino.
As suspeitas envolvem irregularidades em obras executadas em Vitorino Freire (MA), cidade governada por Luanna Rezende, irmã do ministro, financiadas por emendas parlamentares indicadas por Juscelino quando ele era deputado federal.
A União Brasil, partido da base aliada e terceira maior bancada na Câmara, defendeu publicamente o ministro, afirmando que ele não teve direito a defesa na investigação.
Lula já havia defendido Juscelino na semana passada. Durante uma visita ao Maranhão, estado do ministro, Lula permaneceu ao lado dele em um evento de anúncio de obras.
Em entrevista a uma rádio, Lula reiterou seu apoio ao ministro e destacou a necessidade de aguardar os desdobramentos do indiciamento, ressaltando que “todo mundo é inocente até que se prove o contrário”. “Tenho que aguardar a decisão da PGR e da Suprema Corte”, disse.
As investigações que levaram ao indiciamento do ministro tiveram como ponto de partida uma reportagem da Folha de 2022, que revelou o uso de laranjas em licitações da Codevasf por um empresário maranhense, apontado como um dos principais elos do ministro no suposto esquema criminoso.
Mensagens no celular do sócio oculto da empresa Construservice, apreendidas durante uma operação baseada na reportagem da Folha, constituem a principal prova contra Juscelino, segundo a Polícia Federal.