O Índice Geral de Preços – Mercado, conhecido como IGP-M, encerrou 2025 com deflação acumulada de 1,05%. O dado, divulgado nesta segunda-feira, 29, indica que os preços acompanhados pelo índice ficaram, em média, mais baixos ao longo do ano. Ainda assim, a queda do indicador não significa, necessariamente, redução nos valores dos aluguéis em 2026.
Em dezembro, o IGP-M teve recuo de 0,01%, após registrar alta no mês anterior. Segundo a Fundação Getulio Vargas, o desempenho foi influenciado principalmente pelos preços no atacado, que têm maior peso na composição do índice. Ao longo do ano, fatores como a desaceleração da economia global, a menor pressão de custos e a melhora das safras agrícolas ajudaram a conter reajustes ao longo da cadeia produtiva.
Atacado puxa deflação, mas consumidor segue pressionado
O principal responsável pela queda do IGP-M em 2025 foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo, que responde por 60% do cálculo. Em dezembro, o indicador recuou 0,12%. No acumulado do ano, a queda foi de 3,35%, refletindo o recuo de matérias-primas e bens intermediários. Já os bens finais tiveram leve alta no último mês do ano, embora em ritmo mais moderado.
Por outro lado, os preços ao consumidor não seguiram o mesmo movimento. O Índice de Preços ao Consumidor, com peso de 30%, subiu 0,24% em dezembro e manteve alta moderada ao longo de 2025. Pressões em serviços, habitação, educação e transportes impediram um alívio mais amplo no custo de vida das famílias.
Outro componente do índice, o Índice Nacional de Custo da Construção, também avançou no ano. Em dezembro, houve desaceleração mensal, mas no acumulado de 12 meses a alta chegou a 6,01%. O movimento reflete, sobretudo, aumentos em mão de obra e serviços ligados à construção civil.
Diante desse cenário, especialistas alertam que a deflação do IGP-M não garante queda automática dos aluguéis. Em contratos que ainda utilizam o índice como referência, o reajuste anual pode ser menor ou até negativo, dependendo das cláusulas previstas. No entanto, muitos contratos firmados nos últimos anos migraram para o IPCA, que segue em trajetória de alta.
Além disso, a dinâmica do mercado imobiliário pesa de forma decisiva. Oferta restrita, demanda aquecida e renegociações de contratos vencidos costumam sustentar preços mais elevados. Por isso, mesmo com o IGP-M negativo em 2025, os valores cobrados nos novos contratos ou nas renovações podem continuar subindo.
