Os Correios apresentaram nesta segunda-feira, 29, um plano de reestruturação para enfrentar a mais grave crise financeira de sua história recente. A estatal acumula 12 trimestres consecutivos de prejuízos. Segundo a direção da empresa, sem mudanças imediatas, o resultado negativo pode chegar a R$ 23 bilhões em 2026.
Diante desse cenário, a companhia anunciou cortes profundos em despesas, fechamento de agências, venda de imóveis e a busca por novos financiamentos. O objetivo central é estabilizar o caixa em 2026 e retomar o lucro a partir de 2027.
O plano foi detalhado pelo presidente da estatal, Correios, durante coletiva em Brasília. De acordo com a administração, o modelo econômico atual deixou de ser sustentável. Por isso, a reestruturação é considerada inevitável.
Corte de pessoal e fechamento de agências
Um dos principais eixos do plano envolve a redução de gastos com pessoal. Os Correios pretendem economizar cerca de R$ 2 bilhões nessa frente. Para isso, será implementado um novo Programa de Demissão Voluntária.
A expectativa é reduzir o quadro em até 15 mil funcionários ao longo de dois anos. Esse número representa cerca de 18% do total de empregados. Atualmente, a folha salarial responde por mais de 60% das despesas da empresa.
Além disso, a estatal planeja fechar aproximadamente mil agências em todo o país. Hoje, a rede conta com cerca de cinco mil unidades. Segundo a direção, a escolha das agências será baseada em critérios financeiros e na manutenção da universalização dos serviços postais.
Outra medida prevista é a venda de imóveis considerados não operacionais. A estimativa é arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão com essas operações. Esses recursos devem reforçar o caixa no curto prazo.
Empréstimos bilionários e revisão do plano de saúde
Para aliviar a situação financeira imediata, os Correios já assinaram contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com um consórcio de bancos. A operação conta com garantia da União e prevê carência de três anos. Os pagamentos começam a partir de 2029.
Participam do financiamento o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, o Itaú e o Santander.
Mesmo com o crédito contratado, a direção admite que será necessário captar mais recursos. A empresa estima a necessidade de mais R$ 8 bilhões em 2026. Ainda não está definido se o valor virá por novo empréstimo ou por aporte do Tesouro Nacional.
Outro ponto sensível do plano é o Postal Saúde, plano de saúde dos funcionários. Segundo o presidente da empresa, o modelo atual é financeiramente insustentável. A operadora enfrenta dificuldades e depende diretamente dos repasses dos Correios.
A estatal já deixou de cumprir parte das contribuições neste ano. Isso provocou interrupções em atendimentos da rede credenciada. A revisão do plano é tratada como prioridade dentro da reestruturação.
Investimentos futuros e parcerias estratégicas
Apesar do foco no ajuste fiscal, os Correios também projetam investimentos de longo prazo. Entre 2027 e 2030, a empresa pretende investir R$ 4,4 bilhões com recursos do Novo Banco de Desenvolvimento, ligado ao Brics.
Os investimentos devem ser direcionados à automação de centros de tratamento, renovação e descarbonização da frota, modernização da infraestrutura de tecnologia e redesenho da malha logística. A direção afirma que essas ações são essenciais para sustentar o crescimento futuro.
Durante a apresentação, a empresa afastou, por ora, a possibilidade de privatização. Ainda assim, não descartou parcerias estratégicas e modelos semelhantes aos de socied
