O Brasil confirmou nesta quinta-feira (6) a entrada de novos países investidores no Fundo Florestas Tropicais para Sempre, conhecido como TFFF. O maior aporte veio da Noruega, com cerca de US$ 3 bilhões. No total, o fundo já soma US$ 5,5 bilhões em compromissos internacionais. A proposta busca financiar a preservação de florestas tropicais e recompensar países que mantêm suas áreas de pé.
O mecanismo foi criado pelo governo brasileiro e segue um modelo de investimento de renda fixa. O lucro obtido com as aplicações será revertido para a conservação ambiental. TFFF não funciona por meio de doações, mas como uma estratégia de retorno sustentável. Os rendimentos financiarão nações como Brasil, Indonésia e Congo, que possuem vastas áreas de floresta preservada.
Além da Noruega, o fundo conta com recursos do Brasil, da Indonésia e da França. Juntos, os quatro países somam mais de US$ 5 bilhões. A Alemanha deve anunciar sua participação nesta sexta-feira (7), durante o segundo dia da Cúpula de Líderes em Belém. Portugal e Holanda também aderiram, com valores menores, voltados à administração do fundo pelo Banco Mundial.
Estrutura e objetivos do TFFF
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que o TFFF já atingiu metade da meta de arrecadação prevista para o primeiro ano. Segundo ela, o fundo é uma das principais vitrines diplomáticas do Brasil na COP30, embora funcione de forma paralela à conferência. “Recursos públicos e privados terão retorno financeiro e contribuirão diretamente para proteger as florestas”, afirmou.
O TFFF pretende mobilizar até US$ 125 bilhões nos próximos anos. Para isso, combina aportes governamentais e privados com emissões de títulos sustentáveis. O dinheiro será aplicado em ativos seguros e de baixo risco. Em seguida, o lucro será usado para remunerar países que comprovem preservação florestal. Parte dos recursos também será direcionada a comunidades locais e povos indígenas.
O primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, afirmou que é urgente interromper o desmatamento para conter os efeitos das mudanças climáticas. “Não temos tempo a perder se quisermos salvar as florestas tropicais. TFFF pode garantir financiamento estável e de longo prazo”, declarou. O ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Andreas Bjelland Eriksen, explicou que o país aplicará os recursos ao longo de dez anos. O aporte depende, porém, de o fundo atingir pelo menos US$ 10 bilhões em compromissos totais.
Financiamento e impacto global
Na Alemanha, o chanceler Friedrich Merz classificou a iniciativa como “muito interessante” e deve discutir o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo brasileiro lançou oficialmente o TFFF em Belém, durante a cúpula preparatória da COP30. O objetivo é criar uma estrutura permanente de financiamento climático, tratando as florestas tropicais como um ativo global e não apenas como responsabilidade local.
A Noruega é reconhecida como uma das maiores financiadoras de políticas ambientais do mundo. O país foi o principal doador do Fundo Amazônia, que apoia projetos de combate ao desmatamento no Brasil. Agora, o TFFF surge como um modelo de economia verde de longo prazo, combinando retorno financeiro e preservação ambiental.
Com o avanço da iniciativa, o Brasil reforça sua liderança diplomática na agenda climática. O governo aposta que o fundo pode servir de exemplo para um novo modelo de cooperação internacional, capaz de equilibrar desenvolvimento econômico e proteção das florestas.
