A Justiça bloqueou mais de R$ 1 milhão das contas de Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como Profeta Santini. Acusado de charlatanismo, curandeirismo e estelionato, ele continua pedindo doações em transmissões diárias na internet. Mesmo após a Operação Blasfêmia, que investigou o esquema, o autodenominado pastor mantém três lives por dia.
Operação Blasfêmia e o esquema de arrecadação
Segundo o Ministério Público e a Polícia Civil, Santini chefiava um grupo de 22 pessoas. A quadrilha teria movimentado mais de R$ 3 milhões em apenas três meses. O método consistia em cobrar até R$ 1,5 mil por supostas promessas de cura e milagres.
O valor bloqueado estava em contas do próprio pastor e em outras ligadas à Igreja Casa dos Milagres, em São Gonçalo. Além disso, a mãe de seu filho de dois anos recebeu 2.600 depósitos em dois meses, somando mais de R$ 425 mil. As investigações apontam que ela e a irmã, contadora do pastor, podem ter atuado como intermediárias financeiras para disfarçar a origem do dinheiro.
Ainda durante a operação, a polícia encontrou uma central de atendimento telefônico dentro da igreja. Aproximadamente 70 pessoas eram contratadas online para simular orações em nome de Santini. Elas enviavam áudios, pediam PIX e tinham metas financeiras. Dessa forma, recebiam comissão proporcional ao valor arrecadado.
Idosos entre as principais vítimas
Grande parte dos fiéis enganados era composta por idosos. Uma mulher de 62 anos doou 85 vezes, enquanto um homem de 82 anos realizou 19 transferências. Além disso, foram identificados doadores em 18 estados e no Distrito Federal. Muitos repetiam depósitos acreditando que receberiam bênçãos em troca.
O promotor Bruno Humelino explicou que a diferença entre dízimo e fraude é clara. “A contribuição religiosa é legítima quando ocorre de forma voluntária. No entanto, quando se usa mentira para arrecadar, a conduta é criminosa.”
Defesa e próximos passos
Santini não foi preso, mas cumpre medidas cautelares com tornozeleira eletrônica. Ele nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição religiosa. Em entrevista, declarou que atua como pastor há mais de 10 anos e colabora com as investigações.
O Ministério Público, por outro lado, deve ampliar a apuração. O objetivo é verificar se o grupo também cometeu lavagem de dinheiro. Para as autoridades, o caso serve de alerta: golpes disfarçados de prática religiosa representam risco tanto ao patrimônio dos fiéis quanto à liberdade da fé.