O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, 8, que os países do Brics são “vítimas” de práticas ilegais e de “chantagem tarifária”. O discurso foi feito em encontro virtual com líderes do grupo, que hoje está sob presidência rotativa do Brasil.
Segundo o Planalto, Lula defendeu que a integração comercial e financeira entre os países pode reduzir os impactos do protecionismo. Ele também afirmou que o cenário internacional vive um momento de “instabilidade crescente”.
Comércio e organismos internacionais
O presidente não citou diretamente os Estados Unidos. A fala, porém, ocorreu dias depois de o governo Trump impor sobretaxa de 50% a produtos brasileiros. Lula disse que sanções secundárias limitam a liberdade de comércio e pediu reação conjunta dos países do bloco.
Além disso, voltou a defender a reforma da Organização Mundial do Comércio. Para Lula, a OMC precisa refletir melhor o peso das economias emergentes. Ele também afirmou que o sistema atual favorece medidas arbitrárias.
Política e meio ambiente
O presidente criticou a presença militar dos EUA no Caribe, classificando-a como “fator de tensão incompatível com a vocação pacífica da região”. Também pediu uma “solução realista” para o conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele ainda chamou de “genocídio” as ações de Israel na Faixa de Gaza.
No campo ambiental, Lula reforçou o convite para que os países do Brics participem do Fundo de Florestas Tropicais, que será lançado na COP 30, em Belém. O presidente também sugeriu a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU. Segundo ele, a proposta pode unificar iniciativas climáticas que hoje estão fragmentadas.
Regulação digital
O discurso incluiu ainda críticas às big techs. Lula disse que, sem uma governança democrática, poucas empresas continuarão dominando o setor digital. Ele defendeu o conceito de soberania digital e confirmou que enviará ao Congresso um projeto para regular plataformas no Brasil.
De acordo com o Planalto, os líderes do Brics discutiram riscos causados por medidas unilaterais. Também avaliaram formas de ampliar o comércio interno e de reforçar a solidariedade entre os países do bloco.