A tensão diplomática entre Brasil e Israel voltou a escalar. Em postagem escrita em português, o ministro da Defesa Israel Katz chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “antissemita” e “apoiador do Hamas”. Além disso, publicou uma imagem gerada por IA que mostra Lula como marionete do aiatolá Ali Khamenei, líder do Irã. Katz afirmou que o Brasil teria deixado a IHRA, entidade internacional contra o antissemitismo.
O Itamaraty, porém, não comentou esse ponto até agora. Em paralelo, o Planalto relembra o episódio de 2024. Na ocasião, Katz levou o então embaixador Frederico Meyer ao Museu do Holocausto, gesto classificado por diplomatas brasileiros como humilhação. Desde então, a relação segue fria.
Relações “rebaixadas”, disputa por acordo e próximos passos
Na segunda, 25, a chancelaria israelense disse ter decidido “rebaixar” as relações com o Brasil. Segundo o governo de Israel, o acordo para o diplomata Gali Dagan não foi respondido. Tecnicamente, não houve veto explícito. No entanto, a ausência de resposta costuma ser lida como recusa tácita na prática diplomática. Assim, Israel retirou o nome e afirmou que tratará o Brasil em nível inferior.
Em resposta, Celso Amorim declarou que “não houve veto”. De acordo com o assessor presidencial, o silêncio brasileiro foi reação ao tratamento dado ao embaixador em 2024. Além disso, Amorim reiterou que o Brasil condena o terrorismo do Hamas. Porém, critica a condução da guerra pelo premiê Benjamin Netanyahu.
Ao mesmo tempo, Israel mantém Lula como “persona non grata” desde fevereiro de 2024. Desse modo, a ponte política ficou mais estreita. Enquanto isso, a guerra em Gaza continua a moldar o cenário. O governo brasileiro diz não ser contra Israel, mas contra políticas específicas da ofensiva.
Katz, por sua vez, afirmou que Israel “saberá se defender” sem o apoio de Lula e associou o Brasil a regimes que “negam o Holocausto”. Portanto, o embate saiu das notas oficiais e ganhou as redes.
No campo prático, o “rebaixamento” reduz o diálogo de alto nível e atrasa gestos diplomáticos em Brasília. Ainda assim, o Planalto tenta administrar a crise sem ruptura total. Por fim, resta acompanhar se haverá nota formal do Itamaraty e qual será o próximo movimento de cada lado. A escalada retórica indica pouco espaço para distensão imediata, embora canais técnicos permaneçam abertos.