Família e amigos se despedem de Sther, vítima de feminicídio no Rio

O corpo de Sther Barroso dos Santos, jovem de 21 anos espancada até a morte em um baile funk na Zona Oeste do Rio, foi sepultado nesta quarta-feira, 20, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque. O clima foi de dor e revolta. Mãe, irmã e amigos vestiam camisas estampadas com o rosto da jovem e pediam justiça.

Durante o velório, a mãe, Carina Couto, não conteve as lágrimas: “Tiraram a minha filha de mim. Ela era cheia de sonhos e planos. Quero justiça”. A irmã de Sther, Stefany, também se manifestou nas redes sociais. Ela relatou que o corpo foi entregue desfigurado e deixou um desabafo: “Estou sem chão, não tive tempo de salvar minha irmã”.

O principal suspeito é Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel, apontado como chefe do tráfico no Muquiço, em Guadalupe. Foragido, ele acumula 12 mandados de prisão. A polícia apura se ele agiu após a jovem recusar deixar o baile ao seu lado. A família afirma ainda que Sther havia se mudado para a Vila Aliança justamente para se afastar das investidas dele.

Sonhos interrompidos

O atestado de óbito registrou traumatismo craniano, hemorragia no cérebro e múltiplas lesões. Parentes acreditam que ela também foi vítima de estupro. Poucas horas antes da barbárie, Sther foi filmada dançando sorridente em um baile funk. A cena, compartilhada pela irmã, serviu como denúncia: “Covarde, você não acabou só com a vida dela, mas com toda a nossa família”.

Amigos lembraram que a jovem havia escrito metas em um caderno: terminar os estudos, fazer cursos, ter um cachorro e focar na academia. “Ela queria um futuro diferente. Isso foi arrancado dela de forma cruel”, disse uma amiga.

Segundo o Instituto de Segurança Pública, 49 mulheres foram vítimas de feminicídio no Rio apenas no primeiro semestre deste ano. O caso de Sther passa a engrossar estatísticas que refletem a violência contra mulheres no estado.