A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram uma operação que trouxe à tona um dos maiores esquemas de fraude já registrados no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Com desvios que podem ultrapassar os R$ 6,3 bilhões, o golpe atingiu aposentados e pensionistas de forma silenciosa, por meio de descontos mensais indevidos realizados sem autorização.
Durante as ações de busca e apreensão realizadas na quarta-feira, 23, foram confiscados itens de alto valor em 13 estados e no Distrito Federal. Entre os bens recolhidos estão uma Ferrari, joias, relógios de luxo, quadros de arte e grandes quantias em dinheiro vivo. Segundo a PF, os valores ainda estão sendo contabilizados, mas só em um dos alvos o patrimônio apreendido foi avaliado em mais de R$ 15 milhões.
A investigação indica que 11 entidades associativas usaram o nome de aposentados para aplicar o golpe. Sem qualquer estrutura real, essas organizações ofereciam supostos descontos em academias e assistência jurídica.
Na prática, falsificavam assinaturas e passavam a debitar mensalidades diretamente nos benefícios do INSS.
Além da prisão de seis pessoas ligadas ao esquema, a Justiça determinou o afastamento de seis servidores públicos, incluindo o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi exonerado do cargo. As autoridades também anunciaram o sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão.
A CGU afirma que 97% dos aposentados ouvidos não autorizaram nenhum desconto. Muitos sequer sabiam que estavam filiados às entidades. O caso envolveu ainda o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), que negou irregularidades e declarou apoio às investigações.
A operação continua em andamento e já gerou a abertura de 12 inquéritos pela PF. O Ministério da Justiça alerta que os beneficiários lesados podem consultar seus extratos no aplicativo Meu INSS e, caso identifiquem cobranças indevidas, devem solicitar o bloqueio ou exclusão das mensalidades.