Queimadas recuam 70% no Brasil no 1º trimestre de 2025, mas Amazônia e Roraima seguem como epicentros

O Brasil registrou uma queda expressiva nas áreas atingidas por queimadas no primeiro trimestre de 2025. De acordo com o mais recente relatório do MapBiomas, divulgado nesta quarta-feira (16), a devastação provocada pelo fogo entre janeiro e março alcançou 912,9 mil hectares — uma redução de 70% em comparação com o mesmo período de 2024, quando o país somava 4,48 milhões de hectares queimados.

Apesar da melhora no cenário geral, a Amazônia segue liderando o ranking dos biomas mais impactados. Só ela responde por 84% da área total devastada neste início de ano, mesmo com uma redução de 72% em relação ao ano anterior. Segundo o estudo, 78% da área consumida pelo fogo corresponde a vegetação nativa.

A queda está diretamente relacionada ao regime de chuvas, como explica Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM):

“Os dados refletem a sazonalidade climática nos biomas. O período chuvoso na maior parte do país colaborou para uma redução geral das queimadas”.

Entre os biomas analisados, a Amazônia registrou 774 mil hectares queimados, mantendo-se como a região mais afetada. O Cerrado, por outro lado, foi um dos poucos biomas a apresentar crescimento: 91,7 mil hectares incendiados, um aumento de 12% em relação a 2024 — e de 106% acima da média histórica desde 2019.

No Pantanal, o volume de área queimada caiu drasticamente, com 10,9 mil hectares devastados — uma redução de 86%. A Mata Atlântica teve 18,8 mil hectares queimados, em sua maioria (82,5%) em áreas com uso agropecuário. Já o Pampa teve aumento expressivo: 6,6 mil hectares, crescimento de 1.487% no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Roraima lidera entre os estados

Entre as unidades da federação, Roraima foi o estado mais atingido, com 415,7 mil hectares queimados, seguido por Pará (208,6 mil hectares) e Maranhão (123,8 mil hectares). Juntos, esses três estados concentraram 81% de toda a área devastada por queimadas no país no primeiro trimestre.

Felipe Martenexen, também pesquisador do IPAM, atribui a liderança de Roraima ao seu clima distinto. “Enquanto a maior parte do Brasil atravessa o período chuvoso nos primeiros meses do ano, Roraima enfrenta sua estação seca, o que aumenta o risco e a incidência de queimadas”, destaca.

Apesar dos dados positivos, o cenário ainda exige atenção e estratégias eficazes de prevenção. Com a chegada da estação seca em outras regiões, os próximos meses devem ser cruciais para o controle do fogo no território nacional.