Dólar dispara e se aproxima de R$ 6,10 em meio à escalada global de tarifas; Ibovespa recua

O dólar voltou a subir com força nesta quarta-feira, 9, e passou dos R$ 6. Por volta das 13h20, a moeda americana era negociada a R$ 6,04, após atingir a máxima de R$ 6,0961 no início do dia. A alta é reflexo direto da tensão global provocada pela nova guerra de tarifas entre as maiores potências do mundo.

Enquanto isso, o Ibovespa recuava 0,13%, aos 123.767 pontos. A queda segue o movimento da véspera, quando o principal índice da bolsa brasileira caiu 1,32%.

Nesta manhã, a China anunciou uma nova retaliação aos Estados Unidos. O governo chinês elevou para 84% as tarifas sobre produtos americanos. É uma resposta às sanções impostas por Washington, que aumentaram as tarifas sobre as importações chinesas para 104%.

Além disso, a União Europeia decidiu entrar no embate. O bloco confirmou que vai aplicar uma taxa de 25% sobre diversas importações americanas a partir da próxima terça-feira, 15.

O mercado reagiu com forte aversão ao risco. O clima é de incerteza. Para analistas, a escalada tarifária pode acelerar a inflação nas grandes economias e reduzir o comércio global. Isso tende a impactar o consumo das famílias e pode abrir caminho para uma recessão.

As bolsas da Europa operam em queda acentuada. O índice DAX, da Alemanha, recuava 2,86%. Já o CAC 40, da França, caía 3,14%. Em Londres, o FTSE 100 cedia 2,80%.

A maior perda do continente era da Suíça, com o SMI em queda de quase 5%.

Na Ásia, o impacto também foi negativo. O Nikkei, no Japão, caiu 3,78%. O índice Kospi, da Coreia do Sul, recuou 1,74%. Por outro lado, as bolsas da China e de Hong Kong fecharam em alta, antes do anúncio da nova medida chinesa.

Com o avanço das tarifas, as commodities também sofrem. O barril de petróleo caiu para menos de US$ 60. É o menor valor desde a pandemia. Já o minério de ferro foi negociado a US$ 90 por tonelada, bem abaixo dos US$ 110 da semana passada.

Esse movimento afeta diretamente o Brasil. Como o país é um dos maiores exportadores de commodities, a queda nos preços e na demanda reduz a entrada de dólares. Isso pressiona o câmbio e enfraquece o real.

A tensão entre China e EUA segue sem trégua. Trump havia dado prazo até as 13h desta quarta (horário de Brasília) para a China recuar das tarifas. Como não houve recuo, os EUA elevaram ainda mais as cobranças. A China, por sua vez, também manteve o tom firme e prometeu retaliar “até o fim”.

Esse impasse aprofunda as preocupações sobre o futuro da economia global. E, diante desse cenário, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros, abandonando mercados emergentes como o Brasil.