Uso prolongado de omeprazol não causa demência, mas exige acompanhamento médico

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Omeprazol causa demência ainda é uma dúvida comum entre pacientes e médicos. Embora o medicamento esteja entre os mais prescritos do país, não há comprovação científica de que ele cause Alzheimer ou perda cognitiva. Segundo especialistas, o risco está no uso prolongado e sem acompanhamento médico, que pode prejudicar a absorção de nutrientes essenciais, como a vitamina B12.

Pesquisas recentes revisaram estudos antigos que sugeriam uma ligação entre o uso contínuo de inibidores de bomba de prótons — como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol — e casos de demência. De acordo com o neurologista Carlos Eduardo Altieri, do Hospital Sírio-Libanês, essa associação não se confirmou. “Os estudos iniciais eram observacionais e mostraram apenas uma coincidência, não uma causa direta”, explicou.

O ácido gástrico é essencial para absorver vitaminas. Quando sua produção é inibida por muito tempo, o corpo passa a reter menos vitamina B12, o que pode causar sintomas como cansaço, lapsos de memória e formigamento.

O neurologista Iago Navas, da Clínica Sartor, esclarece que o medicamento não age diretamente sobre o cérebro. “É uma relação indireta — o remédio não provoca o problema cognitivo, mas pode favorecer deficiências que afetam o metabolismo cerebral”, afirmou.

Uso prolongado e reavaliação médica

A gastroenterologista Débora Poli, também do Hospital Sírio-Libanês, reforça que o omeprazol é seguro quando usado de forma controlada. “É um medicamento importante, mas não deve ser tomado por tempo indefinido. O acompanhamento médico é fundamental para evitar deficiências nutricionais e efeitos indesejados”, disse.

Outros especialistas, como o oncologista Raphael Brandão, alertam que a segurança depende da dose e da duração do tratamento. “O ideal é usar a menor dose possível, pelo menor tempo necessário”, explicou. A cirurgiã do aparelho digestivo Vanessa Prado, do Hospital Nove de Julho, lembra que hoje existem bloqueadores de prótons mais modernos e com menos efeitos colaterais disponíveis no mercado.