Trump dobra tarifas sobre aço e alumínio e desafia setor siderúrgico brasileiro

As tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre a importação de aço e alumínio subiram de 25% para 50% nesta quarta-feira, 4, em um novo decreto assinado por Donald Trump. A medida, que visa fortalecer a indústria nacional, já preocupa especialistas e deve atingir em cheio países exportadores como o Brasil.

No comunicado oficial, o governo norte-americano justificou o aumento alegando razões de segurança nacional. Apenas o Reino Unido ficou de fora da decisão, graças a um acordo comercial firmado recentemente com os EUA.

Essa elevação nas tarifas confirma o anúncio feito por Trump na última sexta-feira. Em sua publicação nas redes sociais, o ex-presidente afirmou que o novo tarifaço é uma forma de “proteger ainda mais os trabalhadores do aço e do alumínio”. Ele também reiterou seu compromisso com a política de valorização da indústria americana.

A medida surge em meio a novas rodadas de negociação com países afetados pelas taxas. Ainda que parte das tarifas tenha sido suspensa temporariamente, a retomada completa está marcada para 8 de julho, funcionando como instrumento de pressão política e econômica.

Impacto direto sobre as exportações brasileiras

O Brasil ocupa hoje a segunda posição entre os maiores fornecedores de aço para os Estados Unidos. Em 2024, o país exportou cerca de 4,1 milhões de toneladas — atrás apenas do Canadá. Com as novas tarifas, a expectativa é de queda acentuada nesse volume.

Especialistas ouvidos por veículos da imprensa brasileira alertam que o impacto será maior para empresas voltadas à exportação. Já aquelas com foco no mercado interno sentirão menos os efeitos diretos, mas devem enfrentar uma nova realidade de concorrência acirrada e redução de margens, caso o excesso de produção seja redirecionado ao mercado doméstico.

Para o analista José Luiz Pimenta, o Brasil precisará buscar novos mercados rapidamente. No entanto, essa estratégia esbarra na concorrência direta com a China, que já domina o comércio global desses insumos.

Além disso, empresas brasileiras como ArcelorMittal e Ternium, que operam com foco nas exportações de placas de aço, devem ser as mais afetadas. Em contrapartida, grupos como Gerdau e Usiminas devem sentir impacto menor, segundo o Itaú BBA, por concentrarem suas operações no mercado nacional.

O Instituto Aço Brasil, entidade que representa o setor siderúrgico nacional, ainda não se pronunciou sobre a medida. Em março, quando Trump aplicou as primeiras tarifas, a instituição declarou confiança no diálogo entre os governos dos dois países para reverter os impactos.