Cinco torcedores do Real Valladolid foram condenados nesta semana a um ano de prisão por ofensas racistas contra o atacante brasileiro Vini Jr., em um episódio ocorrido em dezembro de 2022, durante partida contra o Real Madrid. A decisão do Ministério Público espanhol marca um passo inédito no combate ao racismo no futebol do país.
Justiça espanhola condena torcedores por ataques racistas a Vini Jr.; pena inclui prisão e multa
O caso aconteceu em 30 de dezembro de 2022, durante uma partida da LaLiga entre Real Valladolid e Real Madrid. Aos 43 minutos do segundo tempo, Vini Jr. foi substituído e, ao deixar o campo, passou a ser alvo de gritos racistas vindos da arquibancada. Testemunhas e vídeos confirmaram ofensas como “macaco” e “negro de merda”.
Dois anos e meio após o ocorrido, o Ministério Público da Espanha concluiu que as ofensas tiveram motivação claramente racista e condenou os responsáveis a um ano de prisão e ao pagamento de multa no valor de 1.620 euros (cerca de R$ 10 mil). A sentença deverá ser homologada pelo Tribunal de Valladolid no próximo dia 21 de maio.
A decisão também proíbe os torcedores condenados de frequentarem eventos esportivos em território espanhol por um período de um ano. É uma das primeiras condenações penais por racismo no futebol espanhol.
Vini Jr., que na época se manifestou de forma contundente contra a omissão das autoridades esportivas, renunciou ao direito de indenização. Ainda assim, os réus apresentaram um pedido de desculpas e reconheceram o caráter racista das agressões.
O atacante brasileiro tem sido alvo constante de ataques racistas na Espanha. Em fevereiro de 2025, ele foi insultado por torcedores da Real Sociedad durante jogo pela Copa do Rei. Nesse caso, os agressores não foram identificados, mas também sofreram punição administrativa: foram impedidos de entrar em estádios por 12 meses.
As recorrentes agressões a Vini Jr. escancaram a dificuldade das autoridades esportivas espanholas em lidar com o racismo nas arquibancadas. A condenação recente, embora simbólica, é considerada um marco por entidades que lutam por justiça racial no esporte.