A partida entre Avaí e Remo, realizada no último sábado na Ressacada, em Florianópolis, terminou marcada por um episódio que gerou forte reação pública. Uma torcedora do Avaí foi filmada enquanto gritava frases racistas e xenofóbicas contra torcedores do clube paraense. O vídeo circulou nas redes sociais e levou à abertura de uma investigação por parte da polícia e do Ministério Público de Santa Catarina.
As imagens mostram a torcedora direcionando ofensas como “olha a tua cor” e outras falas que associam o Pará e seus moradores a estereótipos discriminatórios. Um homem próximo a ela também aparece repetindo frases de cunho xenofóbico. A repercussão levou o clube catarinense a se manifestar e suspender por tempo indeterminado o acesso dos envolvidos às dependências e eventos do Avaí.
Reações e medidas adotadas após o episódio
A divulgação do vídeo provocou respostas imediatas de autoridades, federações e dos clubes envolvidos. O Ministério Público abriu procedimento para avaliar se houve crime de racismo e manifestações que caracterizem xenofobia. A polícia recebeu o material e informou que identificará todos os autores presentes nas imagens.
O Avaí emitiu uma nota condenando o ocorrido. O clube afirmou que colaborará integralmente com a investigação e reforçou que atos discriminatórios não fazem parte do ambiente esportivo que pretende construir. A diretoria ressaltou que adota posicionamento de tolerância zero com qualquer forma de preconceito.
O Clube do Remo também se manifestou. A diretoria classificou o caso como repugnante e pediu punição rigorosa aos responsáveis. A Federação Paraense de Futebol acionou tanto a CBF quanto a Federação Catarinense de Futebol, destacando que as falas registradas atingem não apenas os torcedores do Remo, mas toda a região Norte.
Nas redes sociais, torcedores dos dois clubes e diversas entidades esportivas lamentaram o episódio. A FCF, por sua vez, chamou atenção para a necessidade de responsabilização, afirmando que o futebol deve ser espaço de convivência e não de hostilidade.
A defesa da mulher identificada no vídeo afirmou que o registro não refletiria seu comportamento habitual. Em nota, a advogada informou que Ana Costa teria reagido após agressões verbais, e disse que o vídeo mostraria apenas um recorte da situação. Ainda assim, a defesa declarou que ela pede desculpas e se coloca à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
A discussão sobre casos de racismo no futebol brasileiro voltou a ganhar força após o episódio, especialmente em um momento em que clubes e federações têm reforçado campanhas educativas dentro e fora dos estádios. A investigação do Ministério Público segue em andamento, assim como o inquérito policial que deverá reunir depoimentos e imagens adicionais.
O caso ainda deve gerar desdobramentos disciplinares e jurídicos. A expectativa é que autoridades concluam nos próximos dias a identificação formal de todos os envolvidos e definam os próximos passos do processo.
