Terapia com botos na Amazônia auxilia pessoas com deficiência

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

Flutuando nas águas do rio Negro, na Amazônia brasileira, Luiz Felipe, de 27 anos, sorri ao abraçar um boto-cor-de-rosa durante uma sessão especial de terapia. Ele, que tem síndrome de Down, faz parte de um grupo de pacientes que buscam essa abordagem alternativa para melhorar o bem-estar físico e emocional.

O projeto, que já beneficiou cerca de 400 pessoas ao longo de duas décadas, atende jovens com autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down e aqueles que perderam membros. As sessões são conduzidas pelo fisioterapeuta Igor Simoes Andrade, de 49 anos, que desenvolveu essa prática como uma forma complementar aos tratamentos convencionais.

“A terapia com botos não substitui os tratamentos tradicionais, mas traz alegria, contato com a natureza e uma força que os hospitais não oferecem”, explica Andrade.

Antes de entrar na água, os participantes realizam exercícios de respiração e alongamento para relaxamento. No caso de Luiz Felipe, a evolução foi notável. Na primeira vez que participou, não teve coragem de mergulhar. Hoje, se sente confiante e à vontade no ambiente aquático.

Os botos, conhecidos como “boto-vermelho” ou “boto-cor-de-rosa”, se aproximam dos pacientes de maneira natural, nadando entre eles e interagindo de forma espontânea. Esse contato promove benefícios físicos, como melhora no equilíbrio, fortalecimento da coluna e desenvolvimento psicomotor.

A terapia, chamada de “bototerapia”, conta com aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, as sessões são oferecidas gratuitamente, com apoio de patrocinadores.

A neuropsicóloga Hannah Fernandes, que trabalha com crianças, destaca os benefícios sociais da atividade. Segundo ela, a experiência permite que os participantes saiam da rotina e interajam com um ambiente e pessoas diferentes, estimulando a autoconfiança e a inclusão.

Para Andrade, a essência do projeto vai além do tratamento clínico. “Aqui não tratamos doenças, tratamos seres humanos”, afirma o fisioterapeuta.