A saída do fundador do escritório inglês Pogust Goodhead, Tom Goodhead, gerou críticas e ampliou as dúvidas sobre o futuro de uma das maiores ações já movidas na Justiça inglesa. A mudança ocorreu justamente quando o grupo jurídico aguarda uma decisão crucial no processo contra a BHP, que busca reparação pelos impactos do desastre ambiental de 2015 em Mariana (MG).
De acordo com um relatório recente no Diário do Poder, vítimas de Mariana representadas pela Pogust Goodhead estavam inundando as redes sociais com reclamações após declarações da nova CEO Alicia Alinia.
Além da troca da liderança, segundo o Financial Times, o grupo também negociava um acordo de cerca de US$ 3 bilhões com BHP e Vale no processo, enquanto prometia compensações muito maiores às vítimas, o que levantou ainda mais questionamentos e indignação entre os clientes brasileiros.
Para reforçar sua posição, o escritório apresentou a CEO interina, Alicia Alinia, que afirmou em vídeo publicado nas redes sociais que o escritório “continua comprometido em lutar por justiça para as vítimas” e que “nenhum valor de indenização foi definido até o momento”.
A CEO também aproveitou o vídeo para negar os rumores do suposto acordo em Nova York: “Há um vídeo falso circulando sobre essa reunião, mas não é verdade que qualquer proposta de acordo tenha sido apresentada em nome de vocês”, afirmou.
Apesar da tentativa de esclarecer dúvidas, os comentários nas publicações mostram o contrário: um público cansado, desconfiado e indignado com a condução do caso de Mariana.
“Está virando piada”, resumiu um usuário, enquanto outro desabafou: “Vou ser pai, meu filho vai ser pai um dia também, vou ser avô e esse dinheiro não terá saído ainda”, reclamou.

O que dizem os comentários
Em uma das publicações, em que o escritório afirma que “permanece plenamente comprometido em defender os interesses das vítimas e dos municípios afetados, atuando de forma transparente e em conformidade com a legislação aplicável”, predominam relatos de cansaço com os adiamentos, críticas à falta de datas concretas e mensagens de clientes que preferem optar pelo PID, no qual enxergam como um caminho mais rápido e seguro.
Um comentário diz: “PID prorrogado novamente… quem tiver apto, pegue”. Outro ainda diz: “Se tiver direito, vou entrar no PID sem pensar duas vezes”.
Além disso, há queixas sobre a forma de comunicação escolhida pelo escritório: vídeos gravados em inglês (o que, mesmo com legendas, dificulta o entendimento para grande parte do público, já apenas 5% dos brasileiros têm algum domínio sobre o idioma), promessas de adiantamentos que não se confirmaram e ausência de respostas diretas sobre os valores. “Até quando vamos esperar?”, questionou um usuário. “Falam, falam… e nada de concreto”, acrescentou outra.
Por ora, a Pogust Goodhead mantém a sua posição de que “não há valores definidos” e reforça que o julgamento sobre a responsabilidade da BHP pode ocorrer “a qualquer momento”
Veja alguns comentários deixados na página oficial do Pogust Goodhead Brasil:

