Taxação progressiva no G20: ‘avanço significativo’, afirma presidente do Banco Mundial

Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, destacou que a inclusão da taxação progressiva no comunicado final do G20 foi um “enorme avanço”. Em uma entrevista à Folha após as reuniões do G20 em julho, Banga ressaltou a importância de fechar brechas legislativas na cobrança de impostos para implementar a tributação de maneira justa.

Avanços e desafios na tributação progressiva

Para Banga, a maior prioridade não é apenas aumentar a carga tributária sobre os super-ricos, mas sim assegurar que o sistema de impostos seja efetivamente justo e eficiente. “Fechar brechas que permitem que tipos de renda sejam tratados de maneira desigual é fundamental. A questão não é que os ricos paguem mais, mas sim que as regras sejam aplicadas de forma uniforme e justa”, afirmou.

A discussão sobre a taxação progressiva revelou-se complexa. Banga explicou que existem diferentes abordagens para a tributação, e que um imposto sobre valor agregado (IVA) pode ser visto como uma forma de tributação progressiva. No entanto, a implementação varia de país para país e até mesmo dentro de um mesmo país, gerando divergências entre economistas.

Impacto da presidência brasileira

A presidência brasileira do G20 recebeu elogios de Banga por sua abordagem inclusiva e progressista. Segundo ele, o Brasil conseguiu trazer questões importantes, como fome e alimentação, para o centro das discussões globais. “O Brasil avançou ao incluir a tributação progressiva no ‘Communiqué’. Isso representa um progresso significativo e um reconhecimento do trabalho do governo brasileiro para fomentar um debate mais amplo sobre justiça fiscal”, disse Banga.

Desafios e perspectivas econômicas globais

Banga também abordou o crescente protecionismo e a fragmentação política global. Ele destacou que a terceirização de manufatura e a falta de reinvestimento em trabalhadores nas economias desenvolvidas contribuíram para o atual cenário de protecionismo. “Se todos tivéssemos investido na requalificação e reeducação da força de trabalho, talvez a política global estivesse em um lugar diferente hoje”, refletiu.

No contexto da economia global, Banga observou que tecnologias emergentes, como impressão 3D e inteligência artificial, estão moldando novas formas de comércio e produção. “Essas tecnologias ainda estão em estágios iniciais, mas vão alterar significativamente a maneira como o comércio e o emprego evoluem”, acrescentou.

O papel do Brasil e perspectivas futuras

Banga acredita que o Brasil está em uma posição vantajosa para se beneficiar dessas mudanças devido à sua mão de obra e energia renovável. No entanto, ele ressaltou a necessidade de melhorar a eficiência comercial e fornecer mais suporte para pequenas empresas. “O Brasil deve reduzir barreiras comerciais e aprimorar a capacitação e o crédito para pequenas empresas para se integrar melhor às cadeias globais de suprimentos”, sugeriu.

Sobre a economia brasileira, Banga expressou otimismo com a recente estabilização e melhora. “A reforma tributária foi um passo crucial e um sinal positivo do compromisso do Brasil com o crescimento econômico sustentável”, concluiu.

Matéria inspirada em reportagem da Folha de S.Paulo