Os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 4, revelam que a taxa de analfabetismo entre a população indígena brasileira é o dobro da média nacional. No ano passado, 15,05% dos indígenas maiores de 15 anos não sabiam ler e escrever, em contraste com 7% da população geral.
Embora esse índice ainda seja elevado, houve uma redução significativa na taxa de analfabetismo entre indígenas desde o último censo em 2010, quando o percentual era de 23,40%. Essa queda de cerca de oito pontos percentuais reflete esforços e programas voltados para a alfabetização de jovens e adultos em comunidades indígenas.
Disparidade regional e de gênero
O Censo também destacou as diferenças na alfabetização indígena conforme a região e o gênero. As maiores taxas de alfabetização entre indígenas foram registradas nas regiões Sudeste (91,69%), Sul (89,42%) e Centro-Oeste (87,30%), enquanto os estados com os maiores índices de analfabetismo entre essa população foram Maranhão, Acre e Piauí. Em contraste, Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo apresentaram as menores taxas de analfabetismo entre indígenas.
No que se refere ao gênero, os homens indígenas têm uma taxa de alfabetização ligeiramente superior à das mulheres. Entre as mulheres indígenas, o percentual de analfabetismo caiu de 24,81% em 2010 para 15,74% em 2022, enquanto, entre os homens, essa taxa passou de 22,01% para 14,32%.
Desafios conforme a idade
O levantamento do IBGE também apontou que a diferença entre a taxa de analfabetismo entre indígenas e a população geral aumenta conforme a idade. Entre os indígenas de 15 a 17 anos, o índice de analfabetismo foi de 5,55%, mas o percentual sobe para 42,88% entre os indígenas com 65 anos ou mais. Isso reflete, em grande parte, as dificuldades de acesso à escolarização nas gerações passadas e a falta de programas de alfabetização em algumas áreas.
A queda das taxas de analfabetismo entre indígenas foi observada em todas as faixas etárias entre 2010 e 2022, mas as disparidades regionais e etárias ainda evidenciam a necessidade de maior investimento em políticas públicas de educação voltadas para essa população.
A redução das taxas é um indicativo positivo, mas o desafio de oferecer uma educação inclusiva e de qualidade para as comunidades indígenas brasileiras permanece uma prioridade crucial para o avanço social e cultural dessas populações.