Tarciana Medeiros, desde que assumiu a presidência do Banco do Brasil em janeiro de 2023, tem se destacado por sua abordagem transformadora. Sob sua liderança, o banco, o segundo maior da América Latina, atingiu um lucro histórico de R$ 35,6 bilhões no último ano, marcando um crescimento superior a 11% em relação a 2022. As ações do banco dispararam 76%, destacando-se como a mais bem-sucedida no índice Ibovespa em 2023.
Medeiros, a primeira mulher a comandar o Banco do Brasil em seus 200 anos de história, introduziu um ambicioso plano de diversidade, resultando em milhares de promoções para mulheres e pessoas de cor e um aumento de 20% nos empréstimos destinados a empresas lideradas por mulheres.
Desafios em um cenário econômico instável
Com a economia brasileira enfrentando turbulências, Tarciana Medeiros está diante de novos desafios. O aumento da inflação e a incerteza sobre a capacidade do governo de cumprir suas metas fiscais levantam preocupações sobre a estabilidade econômica.
Espera-se que o Banco Central eleve novamente as taxas de juros, o que pode impactar negativamente a rentabilidade e os planos de expansão do Banco do Brasil. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico do aperto monetário, pode pressionar bancos estatais como o Banco do Brasil a oferecer mais crédito subsidiado a consumidores e empresas.
Medeiros, no entanto, se mostra confiante em lidar com esses desafios. Ela planeja continuar a atender tanto os interesses dos acionistas privados, com foco em novos produtos financeiros como empréstimos com garantia de imóvel e crédito para pequenas e médias empresas, quanto as demandas do governo. Ela acredita que o banco pode manter sua independência mesmo diante de possíveis pressões presidenciais. Até o momento, Lula não solicitou direcionamentos específicos sobre crédito, apenas garantias de que ele está sendo destinado a quem realmente necessita.
Compromisso com a diversidade e impacto social
A trajetória de Tarciana Medeiros é notável por sua diversidade em um setor dominado por homens brancos. Como uma mulher negra e lésbica, ela traz uma nova perspectiva ao Banco do Brasil, uma mudança significativa em um ambiente tradicionalmente elitista.
Medeiros, que começou sua carreira como caixa no banco após ajudar seu pai a vender produtos em um mercado, tem promovido iniciativas de diversidade, incluindo uma meta de tornar a liderança do banco 30% feminina e 30% não-branca até 2025.
Além disso, ela pediu desculpas publicamente pelo papel do banco na escravidão durante o período colonial do Brasil e anunciou planos para promover a cultura afro-brasileira e apoiar a capacitação de jovens negros para melhores oportunidades de emprego.
Apesar de receber elogios por suas iniciativas de diversidade, há quem critique seu foco na inclusão como um desvio das questões centrais do banco. No entanto, seus apoiadores acreditam que essas críticas são reflexo de preconceitos históricos no setor financeiro. Medeiros continua a demonstrar que diversidade e resultados positivos são compatíveis, com mais de 4.200 mulheres promovidas durante sua gestão e um compromisso firme com a inclusão.
Matéria inspirada no artigo de BNN Bloomberg