A suspensão das operações da Voepass pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pode trazer impactos não apenas para a própria companhia aérea, mas também para o mercado como um todo. Especialistas apontam que a interrupção das atividades da empresa pode reduzir a oferta de voos regionais e, consequentemente, pressionar os preços das passagens para cima.
A decisão foi tomada na última terça-feira, 11 de março, após a companhia não atender a exigências de segurança. Para voltar a operar, a empresa precisa comprovar que corrigiu as falhas apontadas pelo órgão regulador. Enquanto isso, milhares de passageiros enfrentam cancelamentos e incertezas sobre reembolsos e reacomodações.
A crise financeira da Voepass e os desafios para retomar as operações
A Voepass já vinha enfrentando dificuldades financeiras antes da decisão da Anac. Com um histórico de reestruturação, a companhia acumulou dívidas estimadas em 215 milhões de reais, incluindo débitos trabalhistas e pendências com credores. O impacto da pandemia, que reduziu drasticamente a demanda por voos, agravou ainda mais a situação.
Agora, sem poder vender passagens e obrigada a reembolsar clientes, a empresa enfrenta uma equação difícil de resolver. Segundo o professor Fábio Gomes, da Faculdade de Economia da USP, a companhia precisa equilibrar custos fixos com a falta de receitas, além de lidar com a pressão de fornecedores e a necessidade de cumprir as exigências de segurança da Anac.
Outro fator que pesa contra a Voepass é a sua reputação. O acidente aéreo ocorrido em Vinhedo, que deixou 62 mortos em 2024, já havia impactado a credibilidade da empresa. Agora, a suspensão das operações pode dificultar ainda mais a retomada, pois o mercado e os passageiros tendem a optar por alternativas mais seguras e estáveis.
A Voepass operava rotas regionais em 16 destinos, muitos dos quais tinham poucos concorrentes diretos. Com a paralisação, a redução na oferta de voos pode provocar um aumento nos preços das passagens, especialmente em cidades menores onde a companhia era a principal opção de transporte aéreo.
O professor Luciano Nakabashi, também da USP, explica que a demanda por voos nessas regiões continua existindo, mas com menos opções disponíveis, as tarifas podem sofrer reajustes para cima. Além disso, passageiros que já haviam adquirido bilhetes precisarão buscar alternativas, enfrentando cancelamentos e dificuldades para remarcar viagens.
O que fazer em caso de voo cancelado
A Anac orienta que os passageiros afetados entrem em contato com a empresa responsável pela venda da passagem para solicitar reembolso ou reacomodação em outro voo. Quem comprou diretamente pela Voepass, pela Latam ou por agências de viagem tem direito ao reembolso integral ou a um novo voo sem custo adicional, desde que haja disponibilidade.
Para quem ainda pretende viajar nos próximos meses, a recomendação dos especialistas é comprar passagens com antecedência, ficar atento a promoções e avaliar a possibilidade de utilizar outros meios de transporte, como ônibus ou carro, dependendo da rota.
Enquanto isso, a Voepass segue negociando com a Anac para tentar reverter a decisão e retomar suas operações o mais rápido possível. A empresa reforçou, em nota, que sua frota segue apta para voar e que está empenhada em cumprir todas as exigências do órgão regulador.
Acompanhe o LatAm Reports para mais informações sobre o impacto da suspensão da Voepass no setor aéreo brasileiro.