A professora Sabrina Rocha, de Guarulhos (SP), vive um drama. O plano de saúde do filho, Guilherme, de 13 anos, teve um reajuste de 379%. A mensalidade subiu de R$ 1.014 para R$ 4.860. A operadora Care Plus ainda incluiu valores retroativos de R$ 3.855. O total da cobrança de abril chegou a R$ 8.715.
Guilherme é autista e depende do plano para continuar os tratamentos. Ele faz fisioterapia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico. A família ainda paga, por fora, sessões de psicopedagogia. O comunicado da operadora chegou apenas dez dias antes do vencimento da fatura.
“Se a liminar não sair, meu filho ficará sem terapia. Não temos como pagar esse valor”, desabafa Sabrina.
Essa não é a primeira vez que ela enfrenta problemas com a Care Plus. Em 2023, o plano quase foi cancelado. A professora conseguiu, na Justiça, manter o contrato. Na ocasião, o valor da mensalidade já havia subido de R$ 700 para R$ 1.014, e a cobertura de terapias foi reduzida.
Com o novo reajuste, a deputada estadual Andréa Werner (PSB) levou o caso ao Ministério Público de São Paulo. A parlamentar pediu abertura de inquérito para apurar se aumentos assim estão sendo direcionados a pessoas com deficiência. Se comprovado, pode haver violação de direitos fundamentais.
“O aumento aplicado nessa família é absurdo. É preciso investigar se há um padrão de discriminação”, afirmou Andréa.
O Ministério Público analisa os documentos e avalia se há indícios suficientes para uma ação civil pública. Até o momento, a operadora Care Plus não se pronunciou sobre o caso.
A situação de Sabrina e Guilherme não é isolada. Famílias em todo o país enfrentam aumentos abusivos, principalmente em planos individuais. Muitas precisam recorrer à Justiça para garantir o direito ao tratamento contínuo.
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