Seca do Rio Madeira revela navio do século XIX no Amazonas

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A severa seca que assola o rio Madeira em 2024 revelou os destroços de um navio do século XIX, segundo historiadores. A embarcação está encalhada na passagem do Pedral do Marmelo, no município de Manicoré, interior do Amazonas. Nesta quarta-feira (16), o nível do rio atingiu a marca de 10,53 metros, agravando a crise ambiental que já afeta mais de 800 mil pessoas no estado.

Os destroços, que foram vistos por marinheiros e pescadores no final de setembro, intrigam especialistas. O historiador Caio Giulliano Paião, doutor em história social, afirma que ainda não foi possível identificar a embarcação com precisão, mas as características indicam que se trata de um navio norte-americano do tipo “chata”, usado em navegações rasas. Alguns possíveis nomes mencionados incluem os vapores Içá (1881-1893) e Canutama (construído em 1900), além da lancha Hilda.

Testemunhas relatam surpresa ao ver destroços pela primeira vez

Pessoas que vivem e trabalham na região ficaram surpresas ao ver o navio quase completamente exposto pela primeira vez. Claudiomar Araújo, que trabalha há 15 anos no rio Madeira, relatou que, em outras secas, apenas o mastro do navio ficava visível. “Este ano foi a primeira vez que ele apareceu por completo”, afirmou.

André Luiz Pinheiro, morador local, cresceu ouvindo histórias de seu avô sobre o naufrágio da embarcação. “É emocionante finalmente ver o navio. Nós só ouvíamos histórias”, disse ele.

Outros achados históricos surgem com a seca

Além do navio no rio Madeira, outros itens históricos têm sido revelados pela seca no Amazonas. Cerâmicas milenares foram encontradas em Urucará, e as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, do século XVIII, reapareceram no Rio Solimões, junto com antigos canhões.

A seca severa de 2024, considerada a maior em 42 anos, já afetou os 62 municípios do Amazonas, todos declarados em estado de emergência. O cenário continua crítico, com níveis dos rios atingindo marcas históricas, como -1,65 metros no Alto Solimões, agravando a situação ambiental e social na região.