A decisão dos Estados Unidos de se retirar do Acordo de Paris sobre o Clima está redefinindo as negociações globais sobre mudanças climáticas, com Brasil e China assumindo papéis centrais na próxima COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, no Brasil. O anúncio feito pelo presidente Donald Trump marca a segunda vez que os EUA abandonam o tratado, gerando preocupações internacionais.
Resposta do Brasil e preparativos para a COP30
O Brasil, que será o anfitrião e presidente da COP30, manifestou preocupação com a saída dos EUA, mas mantém uma postura otimista. André Corrêa do Lago, indicado pelo presidente Lula para liderar a conferência, afirmou que a ausência dos Estados Unidos representa um desafio, mas não um obstáculo intransponível.
“Ainda estamos analisando as decisões do presidente Trump, mas não há dúvida de que isso terá impacto na preparação da COP. No entanto, isso não significa que o acordo não possa encontrar maneiras de seguir adiante”, disse Corrêa do Lago.
Os diplomatas brasileiros pretendem pressionar por um aumento da ajuda financeira de países desenvolvidos para apoiar a transição energética nas economias emergentes, uma demanda que ficou sem solução na COP29, no Azerbaijão. Além disso, a conferência abordará medidas de adaptação climática, especialmente após os recentes desastres ambientais, como as enchentes no Rio Grande do Sul.
Posição da China e liderança do BRICS
A China também manifestou preocupação com a saída dos EUA. Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, enfatizou que as mudanças climáticas são um desafio global, pedindo a continuidade da cooperação internacional.
O país tem se mantido comprometido com tecnologias verdes, liderando a produção de veículos elétricos, turbinas eólicas e painéis solares. Segundo Li Shuo, especialista do Asia Society Policy Institute, os avanços da China em energia renovável podem ser um “salva-vidas” na luta contra a crise climática.
Nas últimas COPs, a China desempenhou um papel fundamental nas negociações, muitas vezes representando o BRICS — coalizão composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — em diálogos com países desenvolvidos. Com o Brasil assumindo a presidência do BRICS em 2025, especialistas acreditam que este pode ser um ano crucial para o Sul Global liderar as negociações climáticas.
À medida que a COP30 se aproxima, diferentes países estão se posicionando sobre as políticas climáticas. O Brasil, por exemplo, defende sua capacidade de explorar recursos hidrocarbonetos, como petróleo, alegando que suas águas podem garantir uma extração limpa. Já a Índia segue uma linha semelhante, equilibrando investimentos em energia solar e eólica com a defesa da exploração de carvão.
A União Europeia, tradicionalmente uma líder nas negociações climáticas, reduziu suas emissões em 7,5% entre 2022 e 2023, superando outros países ricos. Enquanto isso, Alemanha e outros membros do bloco pedem uma desaceleração da transição energética em setores como a indústria automobilística.
Países menores, como Colômbia, adotam posturas mais progressistas, liderando esforços internacionais para eliminar gradualmente o petróleo, o carvão e o gás fóssil, mesmo que essas sejam as principais fontes de receita externa do país.