Rombo das estatais chega a R$ 6,35 bilhões até outubro e acende alerta no governo

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

As estatais federais registraram um déficit de R$ 6,35 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. O dado foi divulgado pelo Banco Central e coloca 2025 perto de repetir o pior resultado já observado na série histórica iniciada em 2002. Este rombo significa que o gasto total dessas empresas superou a receita gerada no período, pressionando diretamente as contas públicas.

Governo já precisou bloquear R$ 3 bilhões no orçamento para conter os efeitos desse resultado. Assim, verbas que seriam usadas em outras áreas ficaram paralisadas para compensar o desempenho negativo das estatais.

Correios ampliam prejuízo e Eletronuclear eleva risco fiscal

A crise é puxada pelos Correios. A estatal vive um dos piores momentos da sua história recente. Em 2024, registrou déficit acima de R$ 2,5 bilhões. Em 2025, o prejuízo já passou de R$ 4 bilhões no primeiro semestre. Caso nada mude, o valor pode alcançar R$ 10 bilhões até dezembro e chegar a R$ 23 bilhões em 2026. Apesar da situação crítica, o governo descarta a privatização. A empresa aprovou um plano de reestruturação que tenta garantir liquidez e inclui a captação de R$ 20 bilhões com um consórcio de bancos.

A Eletronuclear também preocupa. A estatal opera Angra 1 e Angra 2 e mantém a estrutura de Angra 3, parada há dez anos. A manutenção da usina custa cerca de R$ 1 bilhão por ano. Mesmo assim, não há definição sobre o futuro do projeto. Segundo estudos do BNDES, retomar a obra exigiria R$ 24 bilhões. Encerrar o projeto também teria custo elevado. A estimativa varia de R$ 22 bilhões a R$ 26 bilhões. A empresa pediu um aporte de R$ 1,4 bilhão ao Tesouro Nacional. O governo ainda avalia o que fazer, mas descarta um repasse imediato.

Outras estatais entram no radar e ampliam pressão sobre o orçamento

O Relatório de Riscos Fiscais de 2025 lista outras estatais que podem precisar de recursos. Entre elas, estão a Casa da Moeda, a Infraero e companhias docas de cinco estados. Mesmo assim, o Ministério da Gestão afirma que o déficit fiscal não significa, necessariamente, prejuízo operacional.

Segundo a pasta, 15 das 20 estatais analisadas pelo Banco Central tiveram lucro neste ano. Em muitos casos, o déficit aparece porque as empresas aumentaram investimentos ou pagaram dividendos com recursos acumulados em anos anteriores. Até setembro, esses investimentos somaram R$ 3,2 bilhões. O pagamento de dividendos chegou a R$ 1,74 bilhão.

Quando considerado o conjunto completo das estatais federais — incluindo Petrobras e bancos públicos — o quadro muda. O lucro operacional das 44 empresas chegou a R$ 92,4 bilhões no primeiro semestre. O número representa alta de 54,4% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo assim, o desempenho ruim de empresas estratégicas, como Correios e Eletronuclear, aumenta o risco para as contas públicas. Isso dificulta o planejamento orçamentário e pressiona o governo a decidir rapidamente o futuro dessas companhias.