O rio Madeira, um dos principais afluentes do Amazonas, enfrenta uma seca severa, com o nível da água caindo a níveis inéditos. Na última terça-feira, 10, o Serviço Geológico do Brasil (SGB) registrou o nível do rio em apenas 79 cm na altura de Porto Velho, Rondônia. O declínio acelerado surpreendeu a população local, que agora lida com grandes bancos de areia, agravando a situação dos ribeirinhos que dependem da pesca e da agricultura familiar.
Além da falta de chuvas, a atividade de garimpo ilegal tem sido apontada como um dos fatores que agravam a situação no Madeira. Dragas gigantes, equipadas para extrair ouro do leito do rio, retornaram à região logo após uma grande operação da Polícia Federal (PF) e do Ibama, que destruiu centenas dessas embarcações. Mesmo com a recente repressão, cerca de 104 dragas e balsas foram observadas operando no trecho de 100 km do rio entre Humaitá e o lago Santo Antônio.
Garimpo ilegal persiste apesar de operações
Em agosto, uma ação conjunta da PF e do Ibama resultou na destruição de 459 dragas, numa tentativa de conter a exploração ilegal no Madeira. No entanto, a operação gerou protestos violentos de garimpeiros na cidade de Humaitá, que tentaram invadir prédios públicos e confrontar agentes.
Embora a ação tenha sido uma das maiores já realizadas, as autoridades reconhecem que eliminar o garimpo ilegal em uma única operação é inviável. Muitos garimpeiros adotaram estratégias para evitar a fiscalização, deslocando suas embarcações para áreas mais próximas das cidades, onde a destruição de dragas pode ter implicações sociais delicadas.
A prática de garimpo no rio Madeira reflete a busca incessante por ouro, que transforma o leito do rio, especialmente em períodos de seca, em um cenário de degradação ambiental.
Matéria inspirada em artigo de Folha de S.Paulo