Rebecca Cheptegei, maratonista olímpica de Uganda, faleceu nesta quinta-feira, 5, em decorrência de graves queimaduras sofridas após um ataque violento de seu ex-namorado. O incidente ocorreu quatro dias antes de sua morte, quando o suspeito, Dickson Ndiema Marangach, invadiu a casa de Cheptegei e ateou fogo em seu corpo. A tragédia chocou o mundo do atletismo e gerou uma onda de indignação global.
Detalhes do ataque e repercussões
O ataque aconteceu no domingo, 1, quando Rebecca Cheptegei estava na igreja com suas duas filhas, de 9 e 11 anos. O suspeito, que havia mantido um relacionamento conturbado com a atleta, entrou na casa da família em Endebess, no Quênia, e lançou gasolina sobre Cheptegei antes de incendiá-la. As crianças foram testemunhas da cena aterrorizante.
Cheptegei, que havia competido na maratona dos Jogos Olímpicos de Paris e terminou na 44ª posição, foi admitida na UTI do Moi Teaching and Referral Hospital (MTRH) em Eldoret, Quênia, onde sucumbiu às suas feridas. Segundo o diretor da UTI, Kimani Mbugua, as queimaduras cobriam mais de 80% do corpo da atleta, levando à falência múltipla dos órgãos.
Reações e chamado à ação
O caso gerou fortes reações de dirigentes do atletismo e ativistas dos direitos das mulheres. Donald Rukare, presidente do Comitê Olímpico de Uganda, qualificou o ato como “covarde e sem sentido”, e a confederação de atletismo do Quênia, Athletics Kenya, expressou sua profunda tristeza e pediu o fim da violência de gênero.
Njeri Migwi, cofundadora da associação Usikimye, que apoia vítimas de violência sexual e de gênero, pediu um “fim imediato dos feminicídios”. A atleta romena Joan Chelimo também se manifestou, expressando sua indignação e a necessidade urgente de combater a violência.
Contexto e casos semelhantes
O pai de Rebecca Cheptegei revelou que o ataque pode ter sido motivado por uma disputa sobre um terreno adquirido pelo casal. Ele fez um apelo ao governo para proteger a propriedade e os filhos da atleta.
O atletismo no Quênia já enfrentou casos semelhantes de violência. Em abril de 2022, a atleta Damaris Mutua foi encontrada morta em Iten, com suspeitas de que seu parceiro estivesse envolvido. Em outubro de 2021, Agnes Tirop, medalhista olímpica, foi assassinada em sua casa, com seu marido, Emmanuel Ibrahim Rotich, sendo o principal suspeito.
A morte de Rebecca Cheptegei destaca uma preocupante tendência de violência de gênero no esporte e a necessidade urgente de ações eficazes para proteger as vítimas e prevenir tais tragédias.