Rascunho da COP30 frustra ativistas ao excluir fim dos combustíveis fósseis e priorizar economia

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

A divulgação dos textos preliminares da COP30, nesta sexta-feira, caiu como um balde de água fria sobre as organizações ambientais. O documento frustrou a expectativa de quem aguardava um cronograma radical para o fim do uso de petróleo e gás. O chamado “Pacote de Belém” gerou reações imediatas de especialistas e governos que cobravam metas mais agressivas.

Todavia, o tema da eliminação gradual dos combustíveis fósseis não entrou na agenda oficial da conferência. Isso ocorreu devido à forte resistência de blocos de países que priorizam a soberania energética e econômica.

Mais de 30 nações, incluindo França e Alemanha, já haviam pressionado a presidência do evento na noite anterior. Eles afirmam que não apoiarão um texto final que ignore a transição energética. Outrossim, países como a Colômbia classificaram a ausência do tema como uma grande decepção para o sul global.

O Observatório do Clima classificou o rascunho como “desequilibrado” e apontou falhas inaceitáveis. A entidade reconhece avanços no financiamento para adaptação. Contudo, alerta que a conferência pode fracassar se não houver mudanças drásticas no texto final.

Semelhantemente, o Greenpeace Brasil rotulou o documento como praticamente inútil. Para a diretora Carolina Pasquali, as metas atuais não são suficientes para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Ela defende que os países rejeitem a proposta atual e exijam revisão imediata.

O embate entre ciência e diplomacia

A comunidade científica também elevou o tom diante do impasse. Renomados pesquisadores, como Carlos Nobre, descreveram a omissão no texto como uma “traição à ciência”. De fato, eles argumentam que é impossível proteger populações vulneráveis sem eliminar o desmatamento e os combustíveis fósseis.

Os negociadores agora correm contra o tempo para tentar um consenso nas horas finais do evento. Em suma, o impasse revela a enorme dificuldade de alinhar as demandas urgentes dos ambientalistas com a realidade econômica e política dos grandes produtores de energia.