Na manhã desta quarta-feira, 23, o corpo do papa Francisco foi conduzido da Casa Santa Marta até a Basílica de São Pedro, onde começou o velório público. A procissão solene foi marcada por um detalhe que chamou a atenção: o caixão do pontífice foi carregado pelos sediários pontifícios, membros da corte vaticana que atuam há séculos nos ritos papais.
Esses homens, sempre vestidos de preto, têm funções que vão além do cerimonial. Eles organizam celebrações, orientam visitantes em audiências e cuidam da logística dos eventos oficiais do papa. Em tempos passados, eram também os responsáveis por carregar a cadeira papal — tradição que foi descontinuada no pontificado de Paulo VI.
Segundo o vaticanista Filipe Domingues, os sediários são o “braço operacional” do protocolo do Vaticano. Carregam, preparam, orientam e zelam para que tudo esteja no lugar certo, no momento certo. Já Massimo Sansolini, que serviu como sediário durante 50 anos, destaca que o grupo acompanha chefes de Estado e convidados em audiências privadas com o pontífice.
A procissão percorreu diversas áreas simbólicas do Vaticano, incluindo a Praça dos Protomártires e o Arco dos Sinos.
Já na Praça de São Pedro, uma multidão de fiéis se emocionou ao ver o caixão cruzar o espaço em meio a aplausos.
O corpo do papa está exposto diretamente no caixão, sem plataforma elevada — um pedido feito por ele em vida. O próprio Francisco também determinou que o enterro fosse simples, com um único caixão de madeira revestido com zinco, diferente das três urnas usadas tradicionalmente em funerais papais.
A missa fúnebre será realizada no sábado, 26, às 10h, na Praça de São Pedro, presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re. A celebração marcará o início dos “novemdiales”, período de nove dias de orações e luto oficial.
Diferentemente dos papas anteriores, Francisco será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. O local era especial para ele, que costumava visitá-lo sempre após as viagens apostólicas.