As recentes derrotas no Congresso e divergências no apoio a candidaturas em capitais expuseram divisões internas no Partido dos Trabalhadores (PT), colocando em xeque a coesão necessária para as eleições de 2026.
Turbulência e Necessidade de Pacificação
Após uma série de derrotas no Congresso em maio, o PT enfrenta desafios que ressaltam a precariedade da articulação política do Palácio do Planalto, a pouca confiabilidade dos partidos aliados, e, mais preocupante, as crescentes divergências internas. A legenda está rachada, e há uma discussão aberta sobre a necessidade de “correção de rumos” nas relações com a Câmara e o Senado, incluindo a possibilidade de uma reforma ministerial.
A Crítica à Articulação Política
No centro das críticas está o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, cuja relação tensa com o presidente da Câmara, Arthur Lira, tem sido um ponto de discórdia. Alguns defendem sua substituição, enquanto outros acreditam que ele deve se reconciliar com Lira. A falta de consenso na articulação política reflete-se na condução do partido e coloca a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, sob fogo cruzado. Gleisi, nunca uma unanimidade na sigla, enfrenta críticas internas por sua atuação na resolução de crises com partidos aliados.
Divergências Regionais e Liderança Contestada
A liderança de Gleisi é contestada por figuras como José Guimarães, líder do governo na Câmara, que propõe uma presidência “menos sulista” e sugere que um nordestino assuma o comando do partido. Guimarães se colocou à disposição, mas suas ideias não repercutiram bem em algumas alas petistas.
Insatisfação Generalizada
Nomes de peso como Ricardo Berzoini e José Dirceu também expressaram descontentamento. Berzoini critica a falta de modernidade e eficiência na estratégia de comunicação do partido, enquanto Dirceu acusou o governo Lula de ser um “governo de centro-direita”, embora tenha tentado se retratar posteriormente. Sua crítica foi vista como um ataque à gestão de Gleisi, especialmente após a controvérsia envolvendo o apoio do partido ao candidato a prefeito de Curitiba, que prejudicou as aspirações de Zeca Dirceu, filho de José Dirceu.
Cobrança por Governabilidade
O cientista político Elias Tavares aponta que o PT paga um preço alto por tentar equilibrar a defesa de seu passado com a necessidade de governabilidade em um Parlamento onde é minoritário. As negociações com o Centrão e a escolha de Geraldo Alckmin como vice-presidente são exemplos desse delicado equilíbrio, agora posto à prova pelas cobranças internas por mudanças de rumo no governo e na Executiva do partido.
As divisões internas e a crescente pressão indicam um momento de crise e necessidade de ajustes estratégicos para o PT, enquanto o partido busca fortalecer sua posição rumo às próximas eleições.