Problemas se acumulam para escritório britânico que conduz o caso Mariana

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

No segundo mês de audiência em um tribunal de Londres, onde representa mais de 600 mil reclamantes contra empresas de mineração no Brasil, o escritório de advocacia inglês Pogust Goodhead enfrenta notícias desanimadoras em diversas frentes nas últimas semanas relacionada ao caso Mariana.

Segundo vários relatos da imprensa, o ambicioso escritório, com seis anos de atuação e conhecido por processar grandes corporações visando altos pagamentos, demonstra sinais de sobrecarga. Além disso, quase uma dúzia de municípios brasileiros afetados pelo desastre decidiu abandonar a ação em Londres e anunciou adesão ao acordo firmado diretamente no Brasil no mês passado entre as empresas Vale, Samarco e BHP com as partes impactadas.

Enquanto isso, Pogust Goodhead e seus parceiros no Brasil foram acusados de disseminar informações contraditórias sobre o processo em Londres e o acordo no Brasil. Diante da incerteza sobre o desfecho do julgamento, reclamantes se reuniram com Tom Goodhead, um dos líderes do escritório, que sugeriu a abertura de negociações com a BHP, principal ré no caso. A empresa negou prontamente essa informação.

Paralelamente, o advogado José Marques Pereira, associado ao Pogust Goodhead, foi flagrado em vídeos nas redes sociais divulgando informações falsas sobre os termos de compensação do acordo no Brasil, aparentemente na tentativa de minar o apoio ao pacote de indenizações já ratificado.

Demissões em Londres e uma saída importante

Embora no meio de um processo abrangente buscando uma indenização de R$ 230 bilhões, o Law Society Gazette do Reino Unido informou que o Pogust Goodhead pretende demitir de 40 a 50 advogados em Londres e até 100 funcionários operacionais no Brasil como parte de medidas emergenciais para corte de custos.

Um porta-voz do escritório declarou:

“Embora seja uma decisão incrivelmente difícil, é necessário posicionar o escritório de forma sólida para garantir acesso à justiça para clientes atuais e futuros. Faremos uma consulta formal com representantes dos funcionários antes de finalizarmos o número de afetados.”

Tom Goodhead acrescentou que as mudanças exigirão que a equipe trabalhe “de forma mais inteligente e árdua”. Mais recentemente, a imprensa especializada relatou que Harris Pogust, sócio do escritório, anunciou sua saída para se dedicar a trabalhos de caridade. Rumores indicam que ele e Goodhead discordaram sobre a condução do caso no Brasil.

No ano passado, o fundo de hedge norte-americano Gramercy Partners emprestou mais de meio bilhão de dólares ao Pogust Goodhead para financiar o litígio no caso Mariana. No entanto, relatos indicam que o escritório buscou financiamento adicional no mês passado, gerando dúvidas entre os investidores sobre o futuro do caso.

Espera prolongada desgasta a paciência

Quando o julgamento terminar, previsto para março do próximo ano, terá se passado uma década desde o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, que despejou rejeitos de ferro no Rio Doce, causando enorme dano ambiental. Durante esse período, as empresas responsáveis pelo projeto da Samarco já desembolsaram mais de R$ 20 bilhões em esforços de reparação por meio da Fundação Renova, mas muitos indivíduos ainda aguardam compensações completas por seus prejuízos.

O acordo firmado em 25 de outubro entre as empresas e autoridades brasileiras prevê R$ 170 bilhões em 20 anos, com pagamentos iniciais de R$ 35 mil às famílias e R$ 95 mil a pescadores e agricultores impactados pelo desastre. Buscando resolver a questão, mais municípios estão aderindo a esse acordo concreto, em vez de apostarem em um desfecho incerto no julgamento em Londres, cujo pagamento, mesmo em caso de sucesso, demoraria anos. Pelo acordo no Brasil, os municípios têm até o início do próximo ano para decidir se participam do acordo ou continuam com a ação conduzida pelo escritório britânico.