Pressão por financiamento e disputa política marcam a virada decisiva da COP30 em Belém

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By LatAm Reports Redatores da Equipe

O oitavo dia da COP30 começou com um tom mais apreensivo em Belém. As negociações avançaram em alguns pontos, mas abriram novos impasses. A conferência entrou na fase em que cada decisão passa a definir o rumo da semana final.

A movimentação do fim de semana trouxe um gesto importante da Alemanha. O governo alemão sinalizou que deve divulgar, em breve, sua contribuição ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre. Embora o valor não tenha sido anunciado, o aceno foi recebido como sinal político relevante.

Apesar disso, o avanço não mudou o cenário mais complexo. O plano global de financiamento de US$ 1,3 trilhão segue travado. Japão, China e Quênia questionaram o documento apresentado pelas presidências da COP29 e COP30. Além disso, o resumo técnico divulgado no domingo deixou de fora propostas defendidas pelo Brasil. Esse recuo diminuiu o peso da estratégia brasileira em um momento crucial.

Financiamento emperrado, debate sobre minerais e disputa política marcam a segunda semana

A discussão sobre minerais entrou na COP com intensidade inédita. Até agora, o tema aparecia apenas à margem. Desta vez, porém, ganhou espaço central. O rascunho divulgado citou tanto oportunidades econômicas quanto riscos sociais. Também mencionou povos indígenas e comunidades afetadas pela mineração. A inclusão foi vista como um avanço, ainda que o texto continue em disputa.

Outro ponto que voltou ao centro das conversas é o uso das decisões de capa. Esses documentos funcionam como síntese política da conferência. Embora não façam parte de itens específicos da agenda, moldam o recado final da COP. No entanto, o instrumento gera controvérsia. Isso ocorre porque a presidência decide se há consenso suficiente para aprová-lo. Em anos anteriores, alguns textos passaram mesmo diante de discordâncias abertas. Por isso, o mecanismo se tornou alvo de desconfiança. O Brasil prefere evitar o uso dessa ferramenta, mas a pressão internacional mantém o assunto vivo.

A segunda semana começou com um documento que organiza as consultas sobre quatro temas: financiamento, comércio internacional, metas climáticas e transparência. Agora, com a chegada de ministros, as conversas passam a exigir compromissos políticos. Cada país precisa decidir o que está disposto a ceder para que o texto avance. Mesmo assim, qualquer progresso depende de acordo sobre financiamento. Sem isso, metas e mecanismos de transparência continuam bloqueados.

Enquanto as negociações seguem, a pressão externa aumentou. A marcha realizada no sábado levou milhares às ruas de Belém. O protesto reforçou cobranças por ações mais rápidas. Paralelamente, a Aldeia COP reuniu mais de 3 mil indígenas. Os relatos sobre perdas no plantio e mudanças no clima mostraram impactos diretos no cotidiano dessas comunidades. A presença numerosa ampliou o peso das demandas por participação real nas decisões.

A COP30 entra agora na etapa mais decisiva. As próximas horas dirão se Belém entregará acordos concretos ou se encerrará com impasses que já se repetem há anos.